Inflação perde fôlego em abril, mas acumula 6,76% em 12 meses e fica mais longe ainda do teto da meta do BC

Encarecimento dos remédios lidera alta de 0,31% do IPCA no mês; preço dos alimentos, que registrava queda desde dezembro, volta a subir

  • Por Jovem Pan
  • 11/05/2021 09h22 - Atualizado em 11/05/2021 10h28
Agência Brasil Após reajuste de 10% a partir de abril, medicamentos puxaram a alta da inflação no mês Medicamentos que não precisam de receita médica poderiam ser vendidos fora das farmácias

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) perdeu fôlego em abril ao registrar alta de 0,31%, ante avanço de 0,93% em março, mas se manteve acima do teto da meta inflacionária perseguida pelo Banco Central (BC), segundo números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 11. O indicador oficial da inflação brasileira acumulou alta de 6,76% nos últimos 12 meses encerrados em abril, superando o limite de 5,25% da meta do BC, com centro de 3,75% e piso de 2,25%. No ano, a inflação acumula alta de 2,37%. No mesmo mês de 2020, o índice registrou queda de 0,31% em meio ao processo de desinflação gerado pela pandemia do novo coronavírus. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), visto como a inflação dos mais pobres, avançou 0,38%, abaixo da taxa de março, quando havia registrado 0,86%. O indicador acumula, no ano, alta de 2,35% e de 7,59% em 12 meses.

Com alta de 1,19%, o grupo de saúde e cuidados pessoais foi o principal responsável pelo avanço da inflação em abril. A maior influência desse resultado foi o aumento de 2,69% dos preços dos produtos farmacêuticos, que foram também o principal impacto no índice geral, com 0,09 ponto percentual. “No dia 1º de abril, foi concedido o reajuste de até 10,08% no preço dos medicamentos, dependendo da classe terapêutica. Normalmente esse reajuste é dado no mês de abril, então já era esperado”, diz o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. O setor do transportes, um dos principais responsáveis pela inflação em 2021, registrou queda de 0,08%, influenciado, principalmente, pela retração nos preços dos combustíveis. Após 10 meses consecutivos de alta, a gasolina recuou 0,44% em abril. Mas a queda mais intensa no grupo veio do etanol, com retração de 4,93%. “Houve uma sequência de reajustes entre fevereiro e março na gasolina. Mas no fim de março houve duas reduções no preço desse produto nas refinarias. Isso acaba chegando ao consumidor final”, afirma o pesquisador.

O grupo de alimentação –  o maior vilão da inflação de 2020 – voltou a crescer em abril ao registrar avanço de 0,40%, ante alta de 0,13% em março. O movimento interrompe a sequência de quedas registrada no setor desde dezembro do ano passado. O aumento foi sentido nos preços da carne (1,01%), do leite longa vida (2,40%), do frango em pedaços (1,95%) e do tomate (5,46%), que tornaram tornou a alimentação no domicílio (0,47%) mais cara do que no mês anterior. De acordo com o pesquisador, as carnes, que acumularam uma alta de 35,05%, nos últimos 12 meses, tiveram seus preços aumentados em abril devido, principalmente, à inflação de custos por causa da ração animal. “Estamos em um momento em que há uma grande alta no preço das commodities. Nesse caso, principalmente a soja e o milho estão impactando os custos do produtor e isso acaba influenciando o preço final do produto no mercado”, afirma.

O mercado financeiro aumentou a projeção para o IPCA em 2021 de 5,04% para 5,06%, segundo dados do Boletim Focus divulgados nesta segunda-feira, 10. Esta foi a quinta revisão seguida para cima. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a Selic, o principal instrumento para o controle da inflação, para 3,5% na reunião da semana passada ao acrescentar mais 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros. O movimento deve se repetir no encontro agendado para junho com a mesma dose de acréscimo, jogando a Selic para 4,5% ao ano. A inflação fechou 2020 com alta de 4,52%, o maior valor para o IPCA desde 2016, quando o índice encerrou com alta de 6,29%.

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