Mesmo com habeas corpus, Witzel deve ir à CPI da Covid-19 nesta quarta-feira

Com a autorização do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, o comparecimento do ex-governador ao colegiado é facultativo

  • Por Jovem Pan
  • 16/06/2021 07h37 - Atualizado em 16/06/2021 10h01
Wilton Junior/Estadão Conteúdo O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel Witzel suspeito de ter se beneficiado de um esquema de corrupção na secretaria de Saúde do Estado, o que resultou no impeachment

A CPI da Covid-19 no Senado Federal espera ouvir nesta quarta-feira, 16, o ex-governador do Rio e Janeiro, Wilson Witzel. Ele é suspeito de ter se beneficiado de um esquema de corrupção na secretaria de Saúde do Estado, o que resultou no impeachment. Witzel conseguiu com o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus que dá a ele o direito de ficar calado, de não assumir o compromisso de dizer a verdade, de estar acompanhado de um advogado e até de não comparecer. Mesmo assim, o ex-governador pretende prestar o depoimento. O senador Marcos Rogério acredita que a oitiva pode relevar fatos importantes. “Que venha à CPI, enfrente os fatos, enfrente os questionamentos e fale a verdade. As investigações chegaram onde deveriam chegar ou ainda há fatos a serem apurados? Ainda há situações a serem apuradas? Acho que o depoimento é um depoimento importante e que pode lançar luz a outros fatos que, de de repente, ainda estejam em curso”, afirmou. Já o vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues, pretende explorar outro aspecto da gestão de Wilson Witzel. “Os senhor Witzel alega que ele foi vítima de perseguições políticas. Nós queremos saber que perseguições foram essas e a partir de que momento vieram essas perseguições e o porquê dessas perseguições. Ele terá uma oportunidade única, inclusive, de se defender das acusações que ele sofre.”

Nesta terça-feira, quem prestou deposito foi o ex-secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campelo, ele contradisse o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou ter relatado a crise do oxigênio em 7 de janeiro. Campelo confirma que, três dias depois, teve uma reunião presencial com o ex-ministro. No entanto, na comunicação anterior, por telefone, o general negou que tenha tratado sobre o colapso do insumo em Manaus. Os senadores tentaram confrontar as datas de quando o Amazonas comunicou ao governo federal sobre a falta de oxigênio. “Estou perguntando diretamente seguinte: o ministro mentiu ao dizer que não foi informado no dia 7? Isso que estou querendo saber nessa óbvia contradição do seu depoimento e do depoimento dele”, questionou o relator Renan Calheiros. “Fiz uma ligação ao ministro informando da necessidade de logística para trazer oxigênio em Belém e ele pediu para entrar em contato com o CMA e isso foi feito”, disse o ex-secretário. “A verdade é o fato que liguei para ele na data do dia sete. No final de dezembro para o início de janeiro é que houve uma explosão de contaminação que, hoje, olhando para trás, olhamos forte influência da variante P.1, que não era conhecida naquele momento”, completou.

Marcellus Campello informou ainda que a partir de 7 de janeiro a demanda aumentou em 14 vezes. Segundo ele, a empresa White Martins pediu para que fosse suspensa a ativação de leitos de UTI. “Nós relatamos que aproximadamente teríamos capacidade de implantar mais 150 leitos de UTI e aproximadamente 250 leitos clínicos em Manaus. Esse era o plano. Ele anotou, pediu para que nós não tivéssemos mais nenhum leito de UTI até o sinal da empresa fornecedora de que poderia ter segurança para ampliação do fornecimento de oxigênio”, disse. O ex-secretário destacou ainda que a rede do Amazonas ficou completamente sem receber oxigênio por dois dias, sendo 14 e 15 de janeiro de 2021. sobre os repasses federais ao Estado, Marcellus detalhou que todos os recursos foram aplicados. “Aplicamos na contratação de recursos humanos. Na segunda alça epidêmica contratamos mais de dois mil profissionais de saúde em diversas especialidades para contratar. Adquirimos muitos medicamentos para o tratamento de pacientes. Somente o kit intubação e outros medicamentos, compramos outros insumos para a rede, ampliamos a rede. enfim, foi tudo utilizado no que preconiza a utilização do recurso Covid.”

No fim de 220, o governo federal enviou R$ 470 milhões ao Estado. Desses, R$ 115 milhões foram empenhados no combate à Covid-19. Segundo o ex-secretário, também foram entregues a Manaus em 2020, sendo que 10 eram de uso veterinário. Marcellus Campelo relatou ainda que a secretaria do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, esteve em Manaus em janeiro para defender o tratamento precoce, contrariando o que disse a médica em seu depoimento à CPI da Covid-19. “Em 4 de janeiro recebemos Mayra Pinheiro na primeira reunião pela manhã, 8h, no auditório do hospital. Vimos uma ênfase da doutora Mayra Pinheiro em relação ao tratamento precoce e disponibilização, relatando um novo sistema que seria utilizado e seria utilizado futuramente. Chama-se TrateCov“, disse. O ex-secretário pediu exoneração após ser preso pela Polícia Federal no início do mês. Investigado por fraudes em contratações em hospital de campanha, Marcellus foi solto cinco dias depois.

Enquanto isso, os senadores continuam acompanhando o caso do empresário Carlos Wizard, que tem o depoimento marcado para esta quinta-feira, 17 A informação é que ele está nos Estados Unidos. A defesa pediu que a oitiva seja virtual, o que não foi bem recebido pela maioria dos membros da CPI. Logo na abertura da sessão, o presidente da comissão, Omar Aziz, disse que pode recorrer à polícia para que o empresário compareça. “Que aqueles que foram intimados e se negarem a comparecer para depor nessa CPI, terão a sua intimação solicitação ao juiz criminal da localidade em que reside ou se encontrem nos termos do artigo 218, 219 do Código de Processos Penal, ou determinar que seja conduzido por oficial de justiça, o qual poderá solicitar o auxílio das forças de segurança públicas”, pontuou o senador. Em outro momento, Aziz cutucou o presidente Jair Bolsonaro ao citar a reunião do presidente com um representante da Pfizer no início da semana. “É um grande avanço do presidente. Olha como a CPI está funciona e aqueles que acham que a CPI não está. Presidente fazendo apelo à Pfizer para antecipar as doses. Antes da CPI não queriam nem ouvir falar, nem responder uma correspondência era feito”, disse. A CPI recorreu da decisão do Supremo que permitiu ao governador do Amazonas, Wilson Lima, não comparecer ao depoimento marcado para a semana passada. Por meio da advocacia do Senado, Omar Aziz afirmou que o comparecimento é um ato de prestação de contas. Os senadores temem que outros governadores sigam o exemplo de Wilson Lima.

*Com informações do repórter Levy Guimarães

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