‘Não identificamos indício da presença da nova variante Ômicron em São Paulo’, afirma Gorinchteyn

Secretário estadual de Saúde disse que testes genéticos são realizados diariamente para encontrar novas cepas do coronavírus

  • Por Jovem Pan
  • 27/11/2021 12h13
MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO O secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, falando ao microfone durante coletiva de imprensa Secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn

Com o surgimento da nova variante do coronavírus, Ômicron, detectada na África do Sul, com risco de ser potencialmente mais perigosa e mais transmissíveis que a variante delta, especialistas e entidades sanitárias de todo o mundo estão em alerta. Em entrevista ao vivo ao Jornal da Manhã, o secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, falou sobre como deve ser a reação dos agentes públicos locais diante da nova ameaça de agravamento da pandemia. Ele destacou que, até o momento, a partir de análises genéticas realizadas diariamente, a não há indícios da presença da nova variante no Estado. “São Paulo tem sempre um sistema de monitoramento das cepas através de rastreio aleatório, ou seja, cepas que venham positivas naquele exame de PCR são estendidas, abertas, para se fazer uma análise genética. Avaliando no ponto de vista genético, se descobrem a presença de cepas, algumas de preocupação, outras de atenção. Felizmente, nesse momento, nós não identificamos em nenhuma dessas amostras que foram realizadas, analisadas, o indício ou o encontro dessa nova variante Ômicron. Mas continuamos fazendo esse rastreio, que é feito diariamente em conjunto especialmente com o Instituto Butantan, que nos apoia bastante nesta análise. Portanto vacinar e vacinar mais, aliado ao uso de máscaras, e esse rastreio nos permite proteger a nossa população contra a circulação de outras variantes que eventualmente possam estar ou vir a estar presentes no nosso meio”, afirmou o secretário.

Gorinchteyn destacou também a diferença da situação vacinal dos países da África e de São Paulo. Para ele, é possível que a nova cepa tenha se mostrado mais perigosa no continente africano pela baixa cobertura de imunizantes da população. “Essa é uma variante que a própria Organização Mundial de Saúde colocou como uma variante de preocupação. Isso se deve intimamente a sua capacidade, nesse momento, lá na África, de transmissão maior de pessoa a pessoa com casos mais graves, mas nós temos que entender que aquela região, aqueles países em que a detecção dessa variante esteve ali presente, tem uma cobertura vacinal de apenas 2% e encontra uma população bastante vulnerável. E é por isso que a ação daquele vírus possa estar causando alterações como essas que temos visto. É óbvio que nós temos que e nós temos que cercear e tomar medidas de prevenção, que são elas: otimização da vacinação, nós já vacinamos no Estado de São Paulo muito. Estamos com mais de 75% da nossa população vacinada com as duas doses em todas as faixas etárias. Quando olhamos apenas a população adulta, estamos com mais de 93% com as duas doses. São 77 milhões de doses da vacina já ministradas. E também a questão relacionada a máscaras. Então, tudo isso faz e fez, como expectativas da delta, lá em setembro, que se imaginava uma terceira onda, com impacto de transmissão, de mortalidade, isso sequer foi visto fruto de vacinação com associação do uso de máscaras e as medidas preventivas”, pontuou Gorinchteyn.

Sobre a necessidade de endurecimento de regras para entrada de estrangeiros no Brasil, o secretário de Saúde de São Paulo destacou a importância dos órgãos técnicos se manifestarem sobre a questão. “Variantes de preocupação fazem com que medidas devam ser instituídas a despeito da economia. Nós vimos que a mortalidade não foi maior porque medidas foram tomadas no sentido de preservar a saúde. Sem saúde não há vida. Sem vida não há economia. E, dessa maneira, essas medidas que estão sendo travadas para o ingresso de pessoas oriundas daquelas regiões, esses seis países da África, incluindo África do Sul, são medidas bastante importantes, garantindo, dessa forma, a diminuição de risco de acesso de ingresso dessa variante no nosso meio”, disse.

Ainda de acordo com o secretário 4,3 milhões de pessoas ainda não completaram as duas doses da vacinação em São Paulo, sendo 2,7 milhões na faixa de 12 a 29 anos, e a situação precisa ser corrigida para proteção de toda a população. “Quando nós fomos avaliar melhor alguns grupos, especialmente aqueles de 12 a 29, os mais jovens, que são aqueles que circulam mais em vários ambientes, seja na escola, seja nos ambientes sociais e na sua própria casa, nós vimos que são responsáveis por mais de 50% daqueles que só tomaram a primeira dose e não fizeram o uso da segunda. Por isso, o Estado de São Paulo está reforçando, pela ciência e pela preocupação nesse grupo que não está devidamente imunizado, em vacinar, atraí-los para a sua vacinação, do dia 1º ao dias 10 de dezembro, inclusive fazendo recursos através das secretarias municipais e estaduais da educação, para que os pais possam autorizar os seus filhos a receberem a dose de imunizante. Bem como, hoje, nós estamos com apenas 7,5% da população que tomou a terceira dose, nós precisamos estimular que as pessoas olhem e falem: ‘A minha última dose foi há cinco meses e eu já estou apto para receber a terceira dose do imunizante’. São essas medidas que vão garantir que a nossa população esteja protegida tanto dos vírus que aqui já estão circulando… Assim como em em 2009 o H1N1 veio pra ficar, a Covid-19 também veio. Por isso a importância da proteção, da imunização”.

Questionado sobre a realização do Carnaval, Gorinchteyn falou sobre a necessidade de focar, neste momento, no avanço da vacinação da população e disse que somente quando o período da festividade estiver mais próxima é que os dados poderão ser avaliados de forma mais assertiva para a tomada de decisão. “Os municípios têm autonomia e sabem a sua realidade local, mas quando a gente fala de Carnaval, nós estamos daqui a três meses, a gente já viu que a pandemia é diária, semanal, e são esses níveis de pandemia de número de casos, mortes, internação e taxa de vacinação é que vão garantir realmente que nós possamos tomar alguma decisão frente a eventos que ocorram ou não. Nesse momento, vamos atender e olhar a nossa vacinação, a nossa política de prevenção e é isso que tanto o Estado quanto os municípios devem fazer nesse momento. Vacinar em conjunto com as normas de prevenção principalmente o uso de máscaras é que vai nos proteger contra todos os vírus inclusive contra as variantes”, finalizou.

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