Acusações de corrupção deixam primeiro-ministro da Malásia no olho do furacão

  • Por Agencia EFE
  • 07/07/2015 17h48

Ferran Benavent.

Kuala Lumpur, 7 jul (EFE).- A pressão política sobre o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, aumentou após a publicação na semana passada de artigos jornalísticos que o acusam de desvios de recursos públicos.

Desde a publicação da notícia, tanto o gabinete de Najib como a empresa estatal de investimento 1Malaysia Development Berhad (1MDB), envolvida em uma investigação oficial e que seria responsável pelos pagamentos, negaram com contundência estas acusações.

Najib, que alega ser vítima de uma “conspiração política”, disse que está estudando com seus advogados “empreender ações legais” contra o “Wall Street Journal” e o “Sarawak Report”, os veículos que publicaram as denúncias, e ressaltou que não traiu seu país.

“Encontrarei a maneira de defender a verdade. Estejam tranquilos, a verdade prevalecerá”, disse o chefe do Executivo.

Em comunicado conjunto, o procurador-geral, o governador do banco central e o inspetor geral da polícia da Malásia informaram que foram congeladas seis contas bancárias em uma operação relacionada com as supostas transferências, embora não tenham revelado a quem pertencem.

Os investigadores também estão estudando a documentação das empresas citadas no artigo do “Wall Street Journal”.

Muhyiddin Yassin, ministro da Educação e vice-presidente do UMNO, partido de Najib e que está no poder desde a independência em 1957, reconheceu que “as acusações são graves, já que afetam a credibilidade e a integridade do primeiro-ministro e do líder do governo”.

Os líderes da oposição, Lim Kit Siang, do DAP (Partido de Ação Democrática), e Wan Azizah Ismail, do PJP (Partido da Justiça do Povo), exigiram de Najib Razak uma “resposta imediata, específica e crível diante destas gravíssimas acusações”.

Já a organização Berisha 2.0, plataforma que agrupa organizações da sociedade civil e partidos políticos com o objetivo de zelar pela transparência e pela justiça nos processos democráticos na Malásia, ameaçou organizar uma manifestação para exigir respostas.

Às vozes críticas de ONG e da oposição se uniu o influente ex-primeiro-ministro, Mahathir Mohamad, que acusou Najib de pôr o país em evidência.

A crise causou abalos também na bolsa de valores e na cotação da moeda local. Desde sexta-feira passada a moeda malaia atingiu sua pior cotação dos últimos 16 anos, para 3,81 ringgit para cada dólar.

A maioria dos ministros do governo saiu em defesa da integridade e da gestão de Najib.

O ministro do Interior, Zahid Hamidi, declarou que “tudo parece uma tentativa organizada de derrubar o governo” e descreveu a denúncia como “uma ameaça para a segurança nacional”.

Hishammuddin Hussein, ministro de Defesa e primo do atual primeiro-ministro, argumentou que “não devemos nos apressar em julgar Najib antes de conhecer todos os fatos”.

O “Wall Street Journal” e o “Sarawak Report” publicaram na sexta-feira que foram desviados US$ 700 milhões da empresa de investimentos 1MDB para as contas bancárias do primeiro-ministro malaio.

Os jornais citaram documentos da investigação do governo sobre este fundo de investimento presidido por Najib e que, desde sua criação, há seis anos, acumulou uma dívida de 42 bilhões de ringgits (US$ 11 bilhões, ou R$ 35 bilhões).

Segundo estes relatórios, o dinheiro foi transferido de agências governamentais e bancos vinculados à 1MDB para as contas de Najib, e incluem duas transações de US$ 620 milhões e US$ 61 milhões realizadas em março de 2013, dois meses antes das últimas eleições gerais. EFE

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