Desfile sobre fim do mundo é favorito ao título na primeira noite na Sapucaí
Carlos A. Moreno.
Rio de Janeiro, 16 fev (EFE).- Um desfile sobre as loucuras que as pessoas fariam se achassem que o mundo acaba no dia seguinte foi o mais aplaudido de domingo, primeiro dia de apresentações das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, e surge como um dos favoritos ao título do carnaval este ano.
O desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel, uma das grandes escolas do carnaval do Rio de Janeiro não ganha um título há quase duas décadas, mas saiu desta madrugada da avenida ouvindo os gritos de “é campeão”.
Mais de quatro mil integrantes passaram pela Sapucaí e surpreenderam pelo luxo das fantasias e a criatividade dos carros alegóricos, alguns deles efeitos especiais de grande impacto.
A Mocidade foi a terceira a se apresentar neste domingo.
A apuração do carnaval acontece na quarta-feira de Cinzas.
A criatividade da Mocidade foi favorecida pelo tema escolhido, “se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria se só lhe restasse um dia?”, que permitiu desenvolver no sambódromo várias situações de pessoas vivendo suas fantasias e loucuras.
Comer até arrebentar, beber até cair, participar de orgias, sair pelado à rua, ir à praia, viver como um rei ou detonar o automóvel foram algumas dos desejos encenados.
Os efeitos especiais, os truques e os efeitos óticos, que o público aplaudiu efusivamente, são a marca registrada do carnavalesco Paulo Barros, o diretor de carnaval que obteve os títulos de 2010, 2012 e 2014, e que a Mocidade contratou em uma tentativa de acabar com o jejum que dura desde 1996.
O Salgueiro, com um desfile dedicado à culinária do estado de Minas Gerais, fez como sempre uma apresentação tecnicamente perfeita e repleta de atores e personalidades, também foi um dos destaques da noite.
Penúltima a se apresentar, a vice-campeã do ano passado também levou ao sambódromo um conjunto de carros e alegorias surpreendentes, muito bem iluminados e com muitos efeitos.
A apresentação da escola foi ajudada pela emoção com que seus integrantes cantaram o samba-enredo, contagiando o público e o júri.
Mocidade e Salgueiro tiveram a vantagem de desfilar quando a forte chuva que castigou a Rio já tinha dado uma trégua e que prejudicou os desfiles de Viradouro e Mangueira.
A Viradouro, que este ano retornou ao Grupo Especial após três anos, abriu as apresentações com um desfile em que exaltou a importância do negro na cultura brasileira.
O tema foi desenvolvido com várias referências à África, aos milhões de negros que foram trazidos ao Brasil como escravos e às conquistas alcançadas pelos negros no mundo todo.
A chuva não impediu que os integrantes do agrupamento e as personalidades convidadas, entre elas os tenistas espanhóis Rafael Nadal e David Ferrer, e o ex-tenista Guga Kuerten, atravessassem o sambódromo com grande alegria e energia.
Além da chuva, que estragou alguns das fantasias e dificultou a evolução na pista molhada, a Viradouro sofreu com erros no som, que impediram que a música fosse ouvida simultaneamente por todo o sambódromo.
A Mangueira também sofreu com a chuva e sua apresentação, dedicada às mulheres brasileiras, apesar do luxo das fantasias e das alegorias, pecou pela falta de emoção.
A Vila Isabel, com um desfile dedicado à música clássica, mostrou que estava mais preocupada com a perfeição das fantasias, quesito em que perdeu pontos ano passado, do que com a animação do público, que recebeu o desfile com frieza. A escola superou o tempo máximo permitido de 82 minutos. EFE
cm/cd
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