Joseval Peixoto: Não é o que entra pela boca que condena o homem. É o que sai pela boca
A estúpida ideia de Eduardo Bolsonaro de enviar um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal continua repercutindo no país e no mundo inteiro. Pediu desculpas, mas é pouco.
Eduardo não é um jovem insano, embora seu pai tenha declarado que quem toma essa posição deve procurar um psiquiatra. Eduardo é deputado por São Paulo e foi reeleito, agora, com quase dois milhões de votos. Não é pouca coisa.
Mas sua fala é fruto do ambiente em que vive: sua própria família. Pior do que o filho, o pai, quase presidente da República, segundo as pesquisas, acaba de declarar que a faxina agora será muito mais ampla. “Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”.
Ora, essa ameaça é uma heresia constitucional. Nossa Carta Magna, no inciso XLVII do artigo 5º, expressamente declara que no Brasil não haverá pena de morte, de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento ou cruéis.
Ora, se eleito, terá que jurar essa Constituição. Ou não? Além disso, banimento é uma das penas mais hediondas do mundo.
Ao contrário da expulsão, deportação ou expulsão, aplicável a estrangeiros, ela retira do cidadão punido a condição de nacional. O banido passa a se tornar um apátrida, a perambular pelo mundo.
Parece que serão necessários dois psiquiatras, se o nosso presidenciável não compreender que vai se tornar o mandatário de um país inteiro.
Nenhum brasileiro poderá ser tido como seu inimigo, só porque pensa de forma diversa. É preciso se policiar. Desde já. E conter sua linguagem.
Quem sabe precise voltar aos evangélicos, que tanto o ajudaram na campanha, para reler São Mateus. Esse evangelista, no versículo 11 do capítulo 15 reproduz as palavras eternas de Cristo:
“Não é o que entra pela boca que condena o homem. É o que sai pela boca”.
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