Instituições de ensino são pichadas com frases preconceituosas em todo Brasil

  • Por Jovem Pan
  • 11/10/2018 14h49 - Atualizado em 11/10/2018 19h01
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Reprodução/Twitter O mais recente ataque aconteceu na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo

Muitas mensagens machistas, racistas, homofóbicas e preconceituosas contra diferentes grupos têm se espalhado pelas faculdades, universidades e escolas de todo o país. Em um local onde o debate e a troca de ideias deveria imperar, o que parece dominar é a ignorância e falta de diálogo.

O mais recente ataque aconteceu na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. Uma das portas do banheiro trazia a mensagem “Bolsonaro vai limpar essa faculdade de preto e viado”, seguido do número 17, que representa a candidatura do presidenciável. Abaixo do número ainda estava escrito “preto vai morrer”.

Menos de 12 horas depois do término do primeiro turno da eleição deste ano, pichações racistas foram flagradas em um banheiro unissex da Universidade São Judas Tadeu, no Butantã. Na ocasião, foram escritas nas paredes frases como: “vão se f**** seus negros e feministas de merda, gays do demo, burn jews (queime judeus)”, além de uma grande suástica (símbolo do nazismo). Em outra cabine “ideologia de gênero é o c******” era o que estava pichado.

Em nota, a Universidade São Judas afirmou que realizou prontamente uma vistoria no local para que elas fossem imediatamente removidas. Caso seja encontrada qualquer outra pichação com tal teor, será imediatamente retirada. “Nossa instituição é apartidária e respeita a pluralidade de ideias e o direito individual de livre expressão e manifestação, garantido constitucionalmente a todos, mas repudia todo e qualquer ato de intolerância, preconceito, apologia ao ódio ou desrespeito. Ressaltamos que já foi aberto processo de apuração interna para que sejam tomadas as medidas disciplinares e administrativas cabíveis”, diz o texto.

A Faculdade de Direito de São Bernando do Campo, por sua vez, enviou um comunicado à Jovem Pan afirmando que a instituição está entristecida após tomar ciência do ato de racismo e homofobia. “Externamos nosso veemente repúdio a esse tipo de comportamento. Reafirmamos nosso irrestrito compromisso com a dignidade da pessoa humana e pedimos desculpas sinceras a toda nossa comunidade acadêmica”, diz a nota.  Segundo a instituição, a Polícia já foi avisada e uma sindicância interna realizou perícia no local. “Convocaremos o Grupo de Trabalho para Combate à Intolerância – para a apresentação de propostas de ações pedagógicas – e audiência pública para novamente discutir o tema com toda a Comunidade Acadêmica”, finaliza o texto.

Cursinhos e escolas também não escaparam. No curso do Anglo Tamandaré, no bairro da Liberdade, em São Paulo, as pichações diziam “Bolsomito 17. Morte aos negros, gays e lésbicas. Já está na hora desse povo morrer!”.

A coordenação do curso publicou uma nota oficial sobre o caso. “A atitude covarde e belicosa de quem opta por tal postura nos causou tristeza e indignação. Não basta uma nota formal de repúdio às pichações: Como educadores, não podemos parar por aqui e achar que esta nota esgotaria nossas responsabilidades em torno do tema. A democracia e a defesa dos Direitos Humanos exigem esforços constantes de todos nós. Sem medo e sem descanso”.

No Rio de Janeiro, em um colégio da Zona Sul, uma pichação homofóbica também foi encontrada. A frase “Sapatas vão morrer kkkk” estava em um prédio anexo do Colégio Franco-Brasileiro, em Laranjeiras.

“É uma escola de 103 anos e não vamos admitir nenhum tipo de preconceito nem pichação. Nosso papel é formar um cidadão crítico, trabalhar com valores, somos uma escola laica. Sei que pode ter sido só uma brincadeira, mas não vai ser permitido, o aluno precisa aprender a respeitar”, disse a diretora-pedagógica Celuta Reissmann.

Apesar das denúncias virem à tona recentemente, desde o ano passado essas pichações já se propagavam. Em fevereiro de 2017, por exemplo, os banheiros dos prédios 4, 6, 24 e 25 da Universidade Presbiteriana Mackenzie também foram atacados. “Gay não é gente, fora do Mackenzie. Bolsonaro 2018”, dizia uma das escritas. Em outro o ataque, a frase era “Viado e feminista no Mack não!! Bolsomito 2018”.

Na ocasião, o Coletivo LGBT Mackenzista reclamou que “a Instituição permanece omissa, não tendo desempenhado nenhuma ação efetiva sequer” e lembrou que a Constituição Federal vigente em nosso país, em seu artigo 5°, assegura igualdade de direitos, sem distinção de nenhuma natureza, a todos os cidadãos.

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