Barenboim: os 50 anos de fidelidade de um gênio dedicado à Filarmônica

  • Por Agencia EFE
  • 18/06/2014 12h50

Berlim, 18 jun (EFE).- O maestro e pianista argentino-israelense Daniel Barenboim celebra nesta quarta-feira seus 50 anos de fidelidade como solista à Filarmônica de Berlim, um das paixões desse gênio arriscado e dedicado, tanto no musical como no político.

Um concerto extraordinário na Filarmônica, transmitido a 160 salas de toda Europa, é o bolo de aniversário com que Barenboim comemora o dia 12 de junho de 1964 em que se sentou pela primeira vez ao piano diante desse auditório, na época recém-inaugurado.

Ele contava apenas 21 anos e a nova sede da Filarmônica, obra do arquiteto Hans Scharoun, havia sido inaugurada oito meses atrás.

Nesses 50 anos que se passaram, Barenboim, agora com 71 anos, se transformou em um dos maestros mais requisitados do planeta, com quase tantos prêmios em seu haver do âmbito musical como por seu compromisso político, entre eles o Prêmio Príncipe de Astúrias da Concórdia, em 2002, por sua missão a favor da paz no Oriente Médio.

Na prática, essa missão levou à fundação da West Easter Divan, a orquestra integrada por jovens árabes e israelenses fundada em 1999 por Barenboim junto ao intelectual palestino Edward Said, projeto que lhe deu o mencionado prêmio.

Em sintonia com seu perfil de nunca ficar satisfeito, em 2014 colocou a pedra fundamental da que será a academia musical e residência para jovens talentos do Oriente Médio, em Berlim, junto à Staatsoper Unter den Linden, a ópera da qual é diretor musical desde 1992.

O primeiro concerto na Filarmônica de Berlim é um dos pontos altos de sua carreira musical, embora na realidade sua ligação com a música tenha começado aos 4 anos, pelas mãos de seus pais, ambos músicos.

Nasceu em Buenos Aires em 1942 em uma família judia de origem russa e deu seu primeiro recital de piano aos 7. Foi em Buenos Aires, com obras de Bach, Haydn, e Beethoven, entre outros.

Um ano após partir com sua família para a Europa, em 1951, estreou em Paris como pianista, gravou seu primeiro disco com 13 e aos 15 se lançou ao que lhe deu a maior repercussão mundial: a batuta.

Seu mestre por excelência foi o alemão Wilhelm Furtwangler, que conheceu em Viena em 1954 e quem o convida a trabalhar com a Filarmônica de Berlim.

Em 1958 deu seu primeiro concerto na Espanha, no Teatro Monumental de Madri e começou assim sua relação com a Espanha, um dos países onde mais concerto terá oferecido, junto à Alemanha.

Se consagrou como maestro à frente da Orquestra de Paris, de 1975-1988, ao que seguiu sua nomeação – em 1987 – como diretor artístico e musical do teatro Ópera da Bastilha, depois da Sinfônica de Chicago – em 1991 – e daí para Berlim.

Barenboim fez incursões no tango (um disco intitulado “Mi Buenos Aires Querido”), na música brasileira, acompanhado por Milton Nascimento, e no jazz, com seu “Tributo a Duke Ellington”.

Em agosto de 2000, comemorou suas bodas de ouro com a música, com vários concertos em sua Buenos Aires natal, e depois fez um tour por vários países entre os quais incluiu Cuba.

Nos últimos anos, Barenboim levou à prática, entre protestos, seu empenho para interpretar em Israel Richard Wagner, o compositor de cuja música é ferrenho defensor, mas que para os judeus segue representando o antissemitismo que depois o tornou o preferido de Adolf Hitler.

Em 2002, surgiu a polêmica em Jerusalém ao interpretar, por surpresa, o prelúdio de “Tristán e Isolda” de Wagner, ao que seguiu, esse mesmo ano, uma tentativa de oferecer uma classe de piano na cidade de Ramala, sitiada então pelo exército israelense.

Está casado, em segundas núpcias, com a pianista russa Elena Bashkirova, filha do também pianista e pedagogo Dmitri Bashkirov. EFE

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