Ibra, Ronaldo… fisioterapeuta explica por que lesões no joelho são tão comuns

  • Por Jovem Pan
  • 25/04/2017 15h56

Ibrahimovic sofreu a lesão durante a partida da última quinta EFE Ibrahimovic sofreu a lesão durante a partida da última quinta

A lesão sofrida por Ibrahimovic na última quinta-feira (20) comoveu o mundo do futebol nesta semana. O craque sueco foi mais uma “vítima” de uma lesão comum neste esporte, o rompimento dos ligamentos do joelho, e não poderá atuar nesta temporada, que terminará no mês de maio. Com isso, Ibra perderá, inclusive, a chance de levar o Manchester United à final da Liga Europa, cuja decisão está marcada para a Suécia, sua terra natal.

Apesar de não confirmar o tempo que Ibrahimovic deve ficar realmente afastado, é possível que o período de recuperação seja de oito a nove meses, como estimou o fisioterapeuta Dr. Alexandre Henrique Nowotny, especialista em reabilitação de dores no quadril e joelho e ex-presidente da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (Sonafe), em entrevista à Jovem Pan Online.

“A articulação que o Ibrahimovic rompeu, o ligamento cruzado anterior, não cicatriza sozinha, então é preciso fazer a cirurgia. Depois disso, tem todo um processo de cicatrização e regeneração que vai durar uns quatro meses. Do quarto ao sexto mês é quando ele começa a trabalhar um pouco mais forte nos treinamentos. De oito a nove meses é quando ele estará voltando para o campo com uma certa condição de readaptação”, relatou Alexandre.

Antes de o Manchester United confirmar a gravidade da lesão e que Ibra não jogaria mais nesta temporada, vários jornais pela Europa noticiaram uma possível aposentadoria forçada do craque sueco, hoje com 35 anos. Ele mesmo já confirmou que isso não acontecerá e que voltará mais forte após o período de afastamento: “vou passar por isso como passei por todas as coisas na minha vida. Eu decido minha hora de parar”, publicou o astro do Manchester em seu Instagram. Nowotny também acredita que as chances desta lesão abreviar a carreira vitoriosa de Zlatan são mínimas.

“Você vê que a qualidade física dele ainda é bastante boa, mesmo aos 35 anos. Se ele tivesse com quarenta, quarenta e dois, talvez interferisse. Eu vejo que esse caso precisa de um pouco mais de preocupação. Segurar até oito ou nove para ele voltar bem e não correr o risco de fazer uma nova lesão”, explicou.

Por que tão comum?

Além de não ser uma lesão causada pelo contato físico, danos ao joelho podem ser consideradas até corriqueiros em jogadores de futebol, principalmente os que atuam em setores mais avançados, como meia ou atacante. São as próprias características da função que acaba gerando essa força excessiva sobre o joelho, conforme explicou o presidente da Sonafe.

“O ligamento cruzado é o que faz a frenagem, controla a aceleração e a rotação do joelho, que são movimentos que o jogador de futebol precisa em campo. Dependendo da posição que o joelho entra, o aumento de força sobre ele é tão alto que às vezes o ligamento não suporta. O modo como o joelho do Ibrahimovic foi para trás é bem característico desta lesão, principalmente em atacante, que corre, chuta, acelera, desacelera”.

Um caso recente de lesão no joelho no Brasil foi do meia Valdívia, do Internacional, que sofreu uma ruptura no ligamento cruzado do joelho esquerdo e ficou fora dos Jogos Olímpicos e do clube gaúcho por sete meses. Outros casos famosos são o do colombiano Falcão Garcia, que perdeu Copa do Mundo em 2014, de Alan Kardec em 2015, e o mais emblemático de todos, o de Ronaldo, que inclusive mandou mensagem de apoio a Ibra em suas redes sociais.

“O ligamento cruzado aguenta mais ou menos 210 quilos. Mesmo correndo sozinho, nesse processo de desacelerar, parar e voltar sobre o joelho, o nosso próprio corpo já exerce essa força. Às vezes, quando supera um pouquinho essa carga, o ligamento não suporta. No caso do Ronaldo, quando ele perdeu o tendão, foi bem característico, sozinho, desacelerando, em um momento que nem tinha nem tanta pressão sobre o joelho”, disse o fisioterapeuta.

Prevenção

Por ser tão corriqueira, há a preocupação dos clubes e até da própria Fifa em prevenir esse tipo de lesão. Segundo Alexandre, vários clubes pela Europa já promovem trabalhos em pré-temporadas para diminuir a frequência desses casos: “os times dispõem de equipes de medicina e fisioterapia plenamente voltadas para isso. Em um jogador da qualidade de um Ibra é um risco muito alto. Os clubes já fazem isso com a intenção de não perder dividendos também”.

Já a entidade máxima do futebol promove o “Fifa 11+”, um programa de orientação de aquecimentos que devem ser praticados por atletas a fim de reduzir o risco de lesões. Segundo a Fifa, a adoção desse método regularmente reduz em 37% o risco do jogador se lesionar em treinamentos, em 29% durante as partidas e em 50% em casos mais graves.

 

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