Cunha diz que não teme ser cassado e nem preso pela Lava Jato

  • Por Estadão Conteúdo
  • 01/06/2016 12h07
Lucio Bernardo Junior / Câmara dos Deputados Reunião no Conselho de Ética para ouvir Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que faz sua defesa no colegiado

O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não descartou, em entrevista à Rádio Estadão, recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa após decisão do Conselho de Ética sobre processo que investiga se ele quebrou o decoro parlamentar. O parlamentar foi acusado de manter contas no exterior e mentir sobre a existência de tais aplicações à CPI da Petrobras.

O relatório de Marcos Rogério (DEM-RO), que sugere a cassação do peemedebista, está previsto para ser lido ainda nesta quarta-feira (1). “Não temo ser cassado e nem preso pela Lava Jato, tenho absoluta certeza que serei absolvido” disse.

Ao referir que pretende recorrer da decisão, o peemedebista citou que não conhece o parecer de Marcos Rogério, mas só a presença dele como relator do seu processo já é um elemento para nulidade. Isso porque Rogério trocou o PDT pelo DEM, partido que faz hoje parte do mesmo bloco do PMDB, o que seria um impeditivo para que relatasse sua representação. O relator já rebateu este argumento ao dizer que vale o bloco do início da legislatura.

Na entrevista, Cunha voltou a se defender reiterando que não mentiu à CPI da Petrobras, no ano passado, e que não é titular de contas na Suíça. Ele também negou que seu processo tenha sido o mais longo da história da Casa e escusou-se da acusação que esteja fazendo manobras para atrasar ainda mais uma decisão sobre a denúncia de que teria quebrado o decoro parlamentar, o que pode lhe custar o seu mandato de deputado. “Há (sim) manobras espúrias de quem quer aparecer nos holofotes para pegar carona em cima de minha imagem.”

Sobre as informações de que o presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), estaria manobrando a seu favor para tentar postergar ainda mais o seu processo na Casa ao mudar as regras de votação, o político as classificou de “fraude à opinião pública.” 

Segundo ele, “a mídia comprou essa versão e uma mentira repetida inúmeras vezes. É uma prática fascista”. Cunha argumentou que a consulta à CCJ que questiona as regras de votação em plenário trata-se de um ofício encaminhado por Maranhão, mas cuja autoria é de um dos membros do Conselho de Ética, o qual ele não citou o nome. “É um procedimento normal, quando há dúvidas, se consulta a CCJ, não vejo nada demais. E ela (consulta) não foi feita por Maranhão, mas por um membro do Conselho de Ética.”

Dilma

O parlamentar voltou a atacar a presidente afastada Dilma Rousseff (PT), dizendo que espera que ela se torne efetivamente ex-presidente da República, já que foi afastada por crime de responsabilidade e o PT causou muitos danos ao País.

Indagado sobre as declarações da petista em que ela diz que ele é o verdadeiro mentor do governo do correligionário Michel Temer (PMDB), Cunha alfinetou: “Ela (Dilma) tem fixação (por mim), até compreendo o ódio dela porque dei curso ao processo de impeachment que levou ao seu afastamento. Eu me ajoelho para agradecer a Deus por tê-la afastado da Presidência, ela fez muito mal ao País, não dá pra ela governar o Brasil.”

O presidente afastado da Câmara diz que o processo que tem sofrido no parlamento e seu afastamento da direção da casa é resultado de um “julgamento político” e o preço de ter colocado a admissibilidade do afastamento de Dilma Rousseff na pauta do dia do parlamento. “Estou pagando um preço pesado por ter dado curso ao impeachment e, em cada intervenção dela (Dilma), não há como não me agredir”, emendou.

Temer

Indagado sobre os percalços que Michel Temer enfrenta nesses primeiros dias de governo interino, Cunha relativizou os problemas e fez um paralelo com a gestão de Itamar Franco, que sucedeu Fernando Collor de Mello, após seu processo de impeachment.

“Este ainda é um governo de improviso, constituído às pressas (após a saída de Dilma), se fizermos um paralelo com Itamar, vamos ver que, em sete meses, ele teve quatro ministros da Fazenda, foi uma crise de muito maior tamanho. Óbvio que o improviso de hoje não é bom, mas deve se resolver quando (Temer) se tornar presidente em definitivo”, destacou. Cunha reiterou que o primeiro passo para isso é o Senado confirmar o afastamento de Dilma e as forças políticas se unirem “para salvar o País da derrocada que o PT deixou”.

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