Ex-capitão do Bope critica omissão do governo: “há uma sequência previsível e nada foi feito”

  • Por Jovem Pan
  • 22/09/2017 16h45 - Atualizado em 22/09/2017 16h50
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WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Polícia Militar troca tiros com traficantes na Favela da Rocinha Tiroteio na Comunidade da Rocinha deixou 4 mil promoveu toque de recolher e deixou 4 mil crianças sem aulas

O Rio de Janeiro vive o caos nesta sexta-feira (22). A Comunidade da Rocinha, na zona sul, está praticamente sitiada e o governo federal já autorizou o envio de 950 homens das Forças Armadas para auxiliar o patrulhamento da polícia na guerra contra os traficantes.

Em entrevista à Jovem Pan, o antropólogo e ex-capitão do BOPE, Paulo Storani, enfatizou que a presença das Forças Federais é fundamental para o trabalho de contenção, principalmente porque a Polícia Militar vive um grave problema de efetivo e de falta de recursos. “O governador ainda não assumiu essa posição, muito menos a Secretária de Segurança Pública, que não se preveniu para isso. Faltam recursos, investimentos e um planejamento de médio e longo prazo que levaram a essa situação que vivemos hoje. Vários batalhões foram mobilizados e a Polícia Militar é quem vai fazer a incursão na comunidade por que tem a expertise necessária para isso”, explicou Storani.

“A possibilidade de balas perdidas é muito grande, mas essa é uma realidade do Rio de Janeiro”, completou.

Já sobre a declaração do Ministro da Defesa, Raul Jungmann de que o trabalho do Exército não substitui a Polícia, Storani pontua que isso é fruto da omissão de anos dos governos municipais, estaduais e federais. “Há uma sequência previsível, mas nada foi feito ao longo dos últimos anos no governo estadual, municipal e federal. É sempre um governo omisso que se limita a mobilizar as Forças Armadas quando a crise está instalada. Nada foi feito para impedir que as drogas e armas entrassem nas fronteiras brasileiras e chegassem aos criminosos, deixando a polícia estadual atuar com 80% dos seus esforços para o narcotráfico, o que é competência da Polícia Federal”, acrescentou o ex-capitão do BOPE.

“Os criminosos que deram origem a esse problema, principalmente na Comunidade da Rocinha, há meses estavam presos e foram soltos por uma decisão de um desembargador do Rio de Janeiro. Estamos pagando o preço pela decisão”, pontuou.

Culpa dos governantes?

Paulo Storani ressalta que a questão da violência também é culpa de boa parte da população, que segundo ele, fez escolhas erradas ao longo dos últimos anos. “Tudo está acontecendo porque é culpa do governante, mas alguém o elegeu e acreditou nas suas propostas. As pessoas têm que compreender que enquanto cidadãos temos o dever de escolher as pessoas certas e escolhemos muito mal. Temos que sair da posição de vítima para a de protagonista, cobrar e exigir o que foi prometido e não foi entregue, cobrar os desvios de conduta e que a leis sejam cumpridas de verdade”, finalizou Storani.

*Com informações da repórter Carolina Ercolin

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