Janot nega “acordão” para proteger investigados e defende delação premiada

Durante sabatina nesta quarta-feira (26) para sua recondução ao cargo, o procurador-geral da República Rodrigo Janot negou a existência de um suposto “acordão” entre políticos e o Ministério Público Federal (MPF) para a proteção de investigados pela Operação Lava Jato por envolvimento no esquema de propinas e desvios na Petrobras.
“Eu nego veementemente a possibilidade de qualquer acordo que possa interferir nas investigações”, garantiu o procurador.
“Há 31 anos, eu fiz uma opção pelo Ministério Público. Eu, a essa altura da minha vida, eu não deixaria os trilhos da atuação técnica do MP para me embrenhar num processo que eu não domino e não conheço que é o caminho da política. Sou Ministério Público, eu penso como Ministério Público, eu ajo como Ministério Público. Não há possibilidade de qualquer acordão”, ressaltou Janot.
Eduardo Cunha, denunciado por Janot no STF na semana passada, tem criticado a ação da Procuradoria e falado sobre a existência de “acordos”
“Não é X-9”
Janot defendeu ainda o mecanismo de delação premiada, amplamente usado nas investigações da operação Lava Jato, da Polícia Federal. Segundo ele, ao contrário do que muitos dizem, o delator não é pode ser considerado um “dedo-duro, X9 ou alcaguete” .
O procurador esclareceu que o colaborador tem primeiramente que confessar a prática do crime e dizer quais pessoas estão também envolvidas nos delitos. Além disso, o acordo deve ser feito de forma espontânea e, se ele imputar a alguém falsamente um fato criminoso, também estará cometendo outro crime.
“Não se pode usar o mero depoimento do delator como prova. Isso não é suporte para denúncia. Compete ao Ministério Público comprovar. Aí, sim, ganha força o processo. É uma questão técnica. A delação premiada tem a vantagem de acelerar e muito as investigações. É um instrumento poderoso”, opinou.
Rodrigo Janot também fez questão de destacar que somente 20% dos acordos de delação realizados no âmbito da Lava Jato foram feitos com acusados presos, o que exclui a possibilidade de os investigados estarem aderindo a acordos sob pressão, conforme alegam alguns advogados de defesa.
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