Por “falta de estrutura”, Sindicato dos Delegados da PF do Paraná pede transferência de Lula
A movimentação constante da imprensa e de militantes levou a Polícia Federal a estudar uma possível retirada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da Superintendência de Curitiba. A ideia, surgida nessa quarta-feira (11), ganhou um novo capítulo após um pedido feito pelo Sindicato dos Delegados da Polícia Federal do Paraná, solicitando a transferência imediata de Lula. Em entrevista exclusiva para a Jovem Pan, Algacir Mikalovski, presidente do Sindicato, afirmou que o motivo da solicitação é a falta de estrutura do local para receber tal preso e confirmou que o novo destino pode ser uma unidade das Forças Armadas ou até mesmo uma unidade prisional mais afastada de locais de grande aglomeração.
“Desde que o ex-presidente foi trazido para cá, o entorno tem sofrido. Não só o acesso à PF, para o atendimento e realização das atividades de investigação, mas as pessoas que residem nas imediações estão sofrendo graves prejuízos. Então, como a sede não tem estrutura para receber esse preso, em razão do contexto em geral, nós solicitamos a flexibilização para a transferência para um local que possa oferecer tais condições. É possível que o novo local seja uma unidade das Forças Armadas, desde que haja uma amplificação por parte da justiça federal, assim como também algumas unidades prisionais, que tenham essa condição, até pelo afastamento de locais de grande aglomeração de pessoas”, afirmou Algacir.
Questionado sobre os problemas que a população da região tem sofrido com a presença de Lula na Superintendência da PF em Curitiba, ele lamentou que os moradores precisem passar por riscos desnecessários, principalmente por se tratar de uma situação possível de ser ajustada.
“As pessoas que têm acesso aqui a região estão sendo penalizadas. Além da penalização com relação a corrupção, que gerou toda essa situação, as consequências dessa condenação também estão sendo sentidas. Não há estrutura, não há condições. É com isso que os funcionários da PF e o Sindicato dos Delegados não concordam. Além disso, não é adequado que órgãos de segurança, que devem cuidar da população de uma forma geral, fiquem trabalhando exclusivamente para uma situação”, apontou ele.
Sobre o momento em que a solicitação será atendida, Algacir afirmou que o pedido formal já foi encaminhado e que o Sindicato segue aguardando um posicionamento. Caso o retorno demore, ele revelou que existe a possibilidade de também ser feita uma solicitação diretamente ao juiz responsável pela sentença e cumprimento da pena: “Nós vamos encaminhar para a vara e vamos ver qual juiz vai analisar. Se não houver um retorno em breve, faremos esse pedido diretamente à PF”.
Explicação da Polícia Federal
Em nota, a PF esclareceu que todos os direitos previstos estão sendo integralmente cumpridos, que os procedimentos adotados em relação ao ex-presidente Lula são os mesmos aplicados aos demais custodiados e que não houve o deferimento de qualquer outro benefício. Sobre as medidas de segurança, a nota ainda afirma: “A Polícia Federal poderá, eventualmente e com o conhecimento prévio do juízo, realizar alterações apenas quando necessárias para a segurança das instalações, usuários e equipes policiais”.
Veja a íntegra da nota:
Nota da PF
Curitiba/PR – 11/04/2018 – Em relação à difusão de notícias relacionadas às circunstâncias da custódia do ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, a Polícia Federal esclarece:
1) Todos os procedimentos adotados com relação ao Ex-Presidente são os mesmos aplicados aos demais custodiados, salvo exceções específicas autorizadas pelo Juízo da 12ª Vara Federal de Curitiba/PR, responsável pelos procedimentos de execução penal.
2) Neste sentido e ainda conforme decisão do Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, contida nos autos da ação penal correspondente, foi determinada a sua manutenção em espaço em separado, e a instalação de um televisor neste espaço.
3) Não houve o deferimento de qualquer outro benefício que não se aplique aos demais custodiados que se encontram atualmente na unidade policial. O regime de visitas de advogados e familiares aplicado não sofreu qualquer alteração destinada a beneficiar o ex-presidente, familiares e advogados.
4) A Polícia Federal poderá, eventualmente e com o conhecimento prévio do juízo, realizar alterações apenas quando necessárias para a segurança das instalações, usuários e equipes policiais.
5) Nenhuma pessoa ou mesmo servidor, a exceção daqueles envolvidos na sua segurança, possui qualquer contato com o ex-presidente.
6) Todos os direitos previstos estão sendo integralmente cumpridos e sua defesa cientificada diariamente sobre a situação do preso.
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