Vice-presidente da CPI da Petrobras cogita ir a Curitiba para ouvir Renato Duque

  • Por Jovem Pan
  • 17/03/2015 09h38
CURITIBA, PR - 03.12.2014: LAVA JATO - Renato Duque deixa a PF - O ministro do STF Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato na corte, acatou um pedido da defesa do ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque e determinou sua soltura. Duque estava preso desde o último dia 14. Ele foi detido junto com outros 22 executivos e funcionários de empreiteiras suspeitas de participar de um esquema de fraude em licitações nas obras da Petrobras. (Foto: Geraldo Bubniak /AGB/Folhapress) AGB/Folhapress Renato Duque deixa a Polícia Federal

A nova prisão do ex-diretor da Petrobras Renato Duque nesta segunda-feira pode intereferir no processo de investigação da CPI da Câmara que investiga os desvios na estatal.

Isso porque há um ato normativo dentro da casa legislativa feito ainda na época em que Aldo Rebelo era presidente da Câmara dos Deputados (de 2005 a 2007) que impede que indivíduos presos entrem no local para dar depoimentos.

Assim, ficaria impossível à Comissão Parlamentar ouvir Duque, cujo depoimento, marcado para esta quinta (19) é fundamental, na visão do vice-presdiente da CPI da Petrobras, Antônio Imbassahy (PSDB-BA), que falou em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã da Jovem Pan. “Duque é muito importante na organização criminosa que foi instalada na Petrobras”, avaliou o deputado. “Indicado por José Dirceu, todos indicam que ele foi o operador do PT”, cogitou.

Ainda na manhã desta terça, Imbassahy disse que fará reunião secreta com o presidente da CPI Hugo Motta (PMDB-PB) para tentar derrubar o ato normativo que impediria o depoimento de Duque.

Mesmo assim, Imbassahy não quer desistir da fala do ex-diretor de Engenharia e Serviços. “Se não for possível, nós vamos até Curitiba para ouvi-lo”, garantiu o deputado membro da mesa da comissão.

Ele enfatiza também que é “muito importante que esse depoimento seja em sessão aberta”. Imbassahy cita o depoimento de Pedro Barusco, que queria que a reunião fosse secreta, mas que, ao final, aceitou acordo de transmissão ao vivo e divulgação pela imprensa.

A CPI quer ouvir ainda o doleiro Alberto Yousseff, um dos principais delatores da Lava Jato, que já está convocado pela Câmara, e o tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que sofreu denúncia do Ministério Público na segunda.

“Vamos chegar ao chefe”

O deputado tucano não descarta ainda convocar para depor o ex-presidente Lula, citado em delações premiadas. Imbassahy informa que a CPI vai contratar uma consultora internacional “especializada em seguir o dinheiro” para ajudar a identificar o suposto “chefe” dos desvios na Petrobras.

Citando desvios de “dinheirama de extensão amazônica”, o vice-presidente da CPI entende que “não poderia ter acontecido isso (a corrpução) apenas com gente de dentro da Petrobras”.

A ideia é chegar em “gente mais grande” e Imbassahy garante: “Vamos chegar ao chefe”.

Ele ainda lembra que a presidente Dilma foi citada 11 vezes em delações premiadas, especialmente quando foi dito que sua campanha presidencial teria sido financiada com dinheiro de propina – suposição negada em outra delação.

Imbassahy entende também que após os protestos contra o governo e anti-corrupção do último domingo, não haverá proteção entre os políticos. “Quem assistiu a 15 de março não vai ousar de blindar ninguém”, disse. “Quem fizer qualquer tentativa de impunidade vai se dar mal, vai ser hostilizado em qualquer parte do país.”

Ouça a entrevista completa no áudio acima.

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