China descarta encontrar mais sobreviventes de naufrágio do Estrela Oriental

  • Por Agencia EFE
  • 04/06/2015 15h02

Tamara Gil.

Jianli (China), 4 jun (EFE).- Não há mais esperança de encontrar sobreviventes no “Estrela Oriental”, a embarcação que naufragou na segunda-feira no rio Yang Tsé na China com 456 pessoas a bordo, das quais apenas 14 sobreviveram.

Após três dias de complicados e contínuos trabalhos de resgate em um rio com condições complicadas para uma tarefa desse calibre, o governo chinês afirmou nesta quinta-feira não considerar a possibilidade de encontrar mais sobreviventes.

“Após uma intensa exploração (da embarcação), não encontramos sinais de vida (dentro do navio). Os especialistas dizem que a possibilidade de haver sobreviventes é muito, muito limitada”, afirmou à imprensa o responsável pela operação, Xu Chengguang, que também informou que já são 77 corpos encontrados.

Uma vez descartada esta possibilidade, as autoridades decidiram hoje voltar com o navio para sua posição normal, já que no naufrágio – suspeita-se que causado por um tornado, embora as causas ainda estejam sendo investigadas – a embarcação fica com o casco para cima.

Através de imensos guindastes que sobressaem do caudaloso rio, os mergulhadores amarrarão o navio com cabos de aço e duas embarcações de 500 toneladas cada uma darão o empurrão final para que o “Estrela Oriental” volte a sua posição natural.

A operação começou na noite desta quinta-feira (horário local) e não se sabe quanto tempo vai durar, já que continua a haver muitas dificuldades, entre elas, a corrente do rio e a falta de visibilidade da água.

Uma vez “de pé”, as equipes revistarão cabine por cabine em busca de vítimas, a expectativa é que sejam encontradas centenas, pois a maioria dos passageiros que viajavam no navio -aposentados entre 50 e 80 anos – estava já dormindo quando aconteceu o naufrágio, que ocorreu em pouco mais de um minuto.

Em Jianli, a cidade na altura de onde a embarcação virou, as autoridades já se preparavam para o pior desde esta manhã.

Centenas de caixões estavam sendo preparados no necrotério local, protegido por um forte dispositivo militar e policial que evitava que os vários curiosos e os poucos familiares que se aproximavam pudessem entrar.

No exterior, no entanto, foi instalada uma tenda em que uma mulher era consolada por vários funcionários.

“Seis pessoas da minha família estavam no navio. Encontraram só o corpo da minha mãe, de 63 anos”, contou aos jornalistas que esperavam em frente ao necrotério, entre lágrimas.

“As autoridades me dizem para esperar no hotel”, se queixou a mulher, acompanhada de seu marido, que foi rapidamente escoltada por vários funcionários do condado para uma caminhonete “convidando-a” a deixar de falar com a imprensa.

As autoridades não perdem os familiares de vista, e não os deixam se aproximar de onde acontecem os trabalhos de resgate se não for uma viagem oficial, como ocorre com os jornalistas.

Como pôde constatar a Agência Efe, os acessos ao rio estiveram fortemente bloqueados o dia todo por um numeroso grupo de militares e policiais.

“Deve ter uma permissão”, disse à Efe um agente na entrada de um caminho que dá ao rio, em tom cordial, mas firme, sem informar de que documento se tratava e onde se podia conseguir.

Alguns familiares, no entanto, conseguiram ser levados pelo governo local ao Yang Tsé, em grupos pequenos, para uma visita e apenas alguns minutos.

“Não estou satisfeita com o trabalho que estão realizando. Acho que a imprensa mente”, opinou uma mulher de avançada idade, cujo marido de 70 anos é um dos desaparecidos do naufrágio, a um reduzido grupo de jornalistas, na frente da prefeitura, onde os familiares têm ido para pedir mais informação.

O grupo, vindo de Nankin, participou posteriormente da primeira reunião entre parentes das vítimas e autoridades.

“Como se vai a realizar o reconhecimento dos corpos?”, “Vão transferir os corpos para nossas cidades? A tradição chinesa manda enterrá-los em sua cidade” e “Vai haver mais encontros? Esperamos muito tempo”, eram algumas das perguntas e comentários das famílias, formadas principalmente por filhos das vítimas. EFE

tg/cd

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