Cresce tensão em campanha entre kirchnerismo e oposição por ação judicial

  • Por Agencia EFE
  • 16/07/2015 17h44

(atualiza com decisão de afastar juiz do processo Hotesur).

Buenos Aires, 16 jul (EFE).- A tensão entre o kirchnerismo e a oposição por causa da investigação de possíveis irregularidades em uma empresa vinculada à presidente argentina, Cristina Kirchner, aumentou nesta quinta-feira, em meio a campanha para o segundo turno das eleições à chefe de governo da capital.

Uma revista realizada na segunda-feira por ordem judicial em uma imobiliária de Máximo Kirchner, filho da presidente, aqueceu o ambiente político, marcado pelo longo processo eleitoral deste ano, que só terminará nas eleições presidenciais de outubro, mas tem uma importante etapa neste domingo em Buenos Aires.

O candidato conservador Horacio Rodríguez Larreta é o favorito a conquistar a prefeitura da capital, atualmente comandada por Mauricio Macri, agora candidato à presidência e de quem é braço direito.

Macri está no centro da polêmica, por causa da revista em busca de documentos sobre o hotel Alto Calafate, na Patagônia, que tem Cristina como acionista.

O chefe de Gabinete argentino, Aníbal Fernández, acusou hoje Macri de fazer uma “campanha suja”, por causa da participação de forças policiais da capital na ação, realizada em Río Gallegos, a 2.600 quilômetros de Buenos Aires.

Macri, líder do conservador Proposta Republicana, qualificou de “vil mentira” as críticas do governo de Cristina Kirchner e garantiu que a polícia de Buenos Aires atuou em Río Gallegos por ordem judicial.

Em entrevista coletiva, o chefe de ministros questionou os motivos do prefeito portenho para “mandar sua polícia a 2.600 quilômetros de ida e 2.600 de volta”, e denunciou que a operação custou 450 mil pesos (mais de R$ 150 mil).

Além disso, criticou que, após seis meses sem avanços no processo, o juiz Claudio Bonadio tenha determinado a ordem de busca e apreensão em plena campanha eleitoral.

“A (polícia) Metropolitana, em centenas de casos fora de sua jurisdição, foi convocada pela Justiça Federal para casos de narcotráfico e de tráfico”, argumentou Macri na Rádio Mitre.

“É pouco sério, e tentar confundir as pessoas é triste. Se o juiz ordena, eu tenho que fazer. Isso está claro”, assentiu o ministro da Justiça e Segurança da cidade, Guillermo Montenegro.

A polêmica ganhou hoje um novo capítulo com a decisão da sala I da Câmara Federal de Buenos Aires de afastar Bonadio da investigação à Hotesur, firma que gerencia o hotel Alto Calafate.

O tribunal tomou essa decisão após o pedido realizado pela defesa de Romina Mercado, presidente e diretora titular da direção da Hotesur, filha da ministra do Desenvolvimento Social, Alicia Kirchner, e sobrinha de Cristina Kirchner.

A presidente argentina foi a primeira a politizar a operação judicial através de sua conta no Twitter na terça-feira.

Cristina, que comemorou o aniversário de seu neto, Néstor Iván, filho de Máximo Kirchner, em Río Gallegos, publicou uma imagem do convite para a festinha privada da criança, mas não mostrou o verso do cartão, onde estavam o horário e o local da festa, e disse que para evitar um procedimento judicial.

“Não estranharia que Bonadio e a Metropolitana de Macri aparecessem no aniversário. Já disse a Rocío (mãe de Néstor Iván)… desde que não queiram levar o bolo (eles adoram torta), não há problema…”, ironizou a presidente.

O candidato governista à presidência, Daniel Scioli, também se pronunciou, e pediu para que “não a política não seja judicializada favorecendo um setor político determinado”.

Bonadio investigava supostas anomalias administrativas na Hotesur baseado em uma denúncia apresentada pela legisladora da oposição Margarita Stolbizer.

A deputada e também pré-candidata à presidência da Argentina nas eleições de outubro acusou o Hotel Alto Calafate, um estabelecimento de luxo situado na vila turística do Calafate de que poderia ser um alojamento “fantasma” usado então pelo casal Kirchner para fazer negócios irregulares junto do empresário Lázaro Báez. EFE

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