Etanol, café e mandioca puxam inflação de 2021; confira os itens que mais subiram

IPCA encerra o ano com alta de 10%, o maior registro em 6 anos; encarecimento das commodities, alta do dólar e questões climáticas impactam variação de preços

  • Por Jovem Pan
  • 11/01/2022 10h30 - Atualizado em 11/01/2022 10h31
Rene Moreira/ESTADÃO CONTEÚDO/ Colheita de cana Quebra na produção de cana-de-açúcar levou o etanol para o topo da lista dos produtos que mais subiram em 2021

A ida dos brasileiros aos supermercados se tornou um desafio em 2021. Pressionado pelo desemprego em patamares elevados, a redução da renda e o encarecimento dos produtos, o orçamento das famílias precisou se readequar constantemente. A alta de 10,06% da inflação no acumulado do ano materializa o sentimento de que o dinheiro ficou mais curto nos últimos meses, principalmente para a camada mais vulnerável da população. Foi o maior registro desde 2015, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi a 10,67%. Entre os grupos pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os transportes representaram a maior variação (21%) — resultado puxado principalmente pelos combustíveis (49%). Na segunda posição aparece a habitação (13%), influenciada pelo encarecimento da energia elétrica (21,2%). Atrás aparece o segmento de alimentação e bebidas (7,9%). Somadas, as três categorias correspondem a 79% do IPCA.

Na lista por produtos, a carestia foi liderada pela alta do etanol (62,2%), seguido pelo café moído (50,2%) e da mandioca (48%). O açúcar refinado apareceu na quarta posição (47,8%), com variação levemente acima da gasolina (47,4%). Óleo diesel (46%), pimentão (39,1%), gás veicular (38,7%), açúcar cristal (37,5%) e mudanças (37%) completaram a parte de baixo da lista dos itens que mais subiram. O destaque dos itens agrícolas e dos combustíveis na ponta de cima é explicado pela junção de aumento do preço das commodities, desvalorização do real ante o dólar e a crise hídrica enfrentada nos últimos meses.

Na questão da produção agrícola, as questões climáticas impactaram em perda de grande parte da produção, enquanto o dólar elevado aumentou os custos para o cultivo, visto que grande parte dos insumos é comprado no mercado internacional. Fatores semelhantes explicam a carestia dos combustíveis, que tem a situação agravada pela alta internacional do barril do petróleo em consequência da recuperação da economia global no pós-pandemia. A questão climática também explica o etanol no topo da lista. Com a quebra nas plantações de cana-de-açúcar, o produto ficou mais caro, puxando também para cima a gasolina, que usa o etanol em parte da sua composição.

Os 50 itens que mais subiram em 2021, em %

ETANOL 62,23
CAFÉ MOÍDO 50,24
COMBUSTÍVEIS (VEÍCULOS)   49,02
MANDIOCA (AIPIM) 48,08
AÇÚCAR REFINADO 47,87
GASOLINA 47,49
ÓLEO DIESEL 46,04
PIMENTÃO 39,16
GÁS VEICULAR 38,72
AÇÚCAR CRISTAL 37,55
MUDANÇA 37,09
GÁS DE BOTIJÃO 36,99
MAMÃO 36,01
COMBUSTÍVEIS (DOMÉSTICOS)   35,99
REVISTA 35,68
TRANSPORTE POR APLICATIVO 33,75
FUBÁ DE MILHO 32,82
FILÉ-MIGNON 30,91
FRANGO EM PEDAÇOS 29,85
PERA 29,59
PNEU 28,94
GÁS ENCANADO 28,49
AÇÚCAR DEMERARA 28,07
PEPINO 26,11
MELANCIA 25,53
MELÃO 24,74
COMBUSTÍVEIS E ENERGIA   24,36
ALIMENTO PARA ANIMAIS 23,70
AVES E OVOS   23,55
MARGARINA 23,13
MATERIAL HIDRÁULICO 23,12
MANGA 22,40
VIDEOGAME (CONSOLE) 21,89
BANANA-MAÇÃ 21,67
REVESTIMENTO DE PISO E PAREDE 21,23
ENERGIA ELÉTRICA RESIDENCIAL   21,21
ENERGIA ELÉTRICA RESIDENCIAL 21,21
TRANSPORTES   21,03
TRANSPORTES   21,03
REFRIGERADOR 20,21
ESPONJA DE LIMPEZA 19,98
FRANGO INTEIRO 19,89
TELEVISOR 19,17
FERRAGENS 18,87
ABOBRINHA 18,77
MÓVEL PARA COPA E COZINHA 18,76
ÓLEO LUBRIFICANTE 18,62
MILHO (EM GRÃO) 18,61
TOMATE 18,60
AÇÚCARES E DERIVADOS   18,42

 

 

 

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