Mercado reduz expectativa para a economia brasileira em 2021 e 2022

Pesquisa do Banco Central aponta para PIB a 0,36% e inflação acima do teto da meta neste ano

  • Por Jovem Pan
  • 03/01/2022 11h50
EDUARDO DUARTE / ESTADÃO CONTEÚDO Retrato do edifício sede do Banco Central, em Brasília Pesquisa organizada pelo Banco Central indica nova alta para a projeção da inflação

No primeiro Boletim Focus de 2022 — a pesquisa semanal do Banco Central (BC) com mais de uma centena de bancos, casas de investimento e outras instituições —, o mercado financeiro manteve a redução da expectativa para a economia brasileira, enquanto segurou a estimativa da inflação acima do teto da meta em 2021 e neste ano, segundo o relatório divulgado nesta segunda-feira, 3. A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 passou para 4,50%, levemente abaixo da previsão de 4,51% da semana passada. Para este ano, os analistas do mercado enxergam alta de 0,36%, contra expectativa de 0,42% na edição anterior. As revisões para baixo das estimativas do PIB são contestadas pela equipe econômica, que prevê avanço de 5,1% em 2021, e de 2,1% neste ano. Em dezembro, o BC reduziu a expectativa do PIB de 2021 para 4,7%, e passou a ver a economia em 2022 no patamar de 1%. Para 2023, o mercado manteve a expectativa do PIB a 1,80%.

A previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial da inflação doméstica, sofreu leve queda para 2021, passando para 10,01%, contra 10,02% na edição passada. O valor é quase o dobro do teto da meta de 5,25% perseguida pela autoridade monetária, com centro de 3,75% e piso de 2,25%. A prévia da inflação registrou alta de 0,78% em dezembro e fechou o ano em 10,42%, o maior valor desde 2015.  Para este ano, o mercado financeiro manteve a expectativa de IPCA a 5,03%, também acima do teto da meta, de 5%, com centro de 3,5% e mínimo de 2%. Quando a inflação fica acima ou abaixo dos limites determinados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o presidente do BC deve escrever uma carta aberta ao ministro da Economia para explicar os motivos e o que será feito para que o índice seja ajustado. Para 2023, o mercado prevê a desaceleração da inflação para 3,41%.

O mercado financeiro também congelou a expectativa para a Selic em 11,50% neste ano. A taxa de juros encerrou 2021 com alta de 9,25%, o maior patamar desde 2017. A autoridade monetária deixou contratada um novo acréscimo de 1,5 ponto percentual na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste ano, agendada para os dias 1º e 2 de fevereiro. No mês passado, o BC afirmou que a manutenção da escalada deve chegar a 11,75% ao longo de 2022, e que a Selic deve encerrar o ano a 11,25%. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, no entanto, disse que não sabe qual a taxa no final do ciclo de alta. “Entendemos que tem um movimento mais persistente [de inflação], pode demandar um ciclo mais longo. Esse é um tema de decisão de cada reunião do Copom”, afirmou. Para 2023, a estimativa do mercado é que a Selic encerre a 8%. Os analistas também mantiveram a expectativa do dólar a R$ 5,60 ao fim deste ano. O câmbio, que opera na primeira sessão de 2022 com alta acima de 1%, a R$ 5,640, deve sofrer forte volatilidade nos próximos meses em meio ao ciclo eleitoral. Para 2023, a expectativa é de dólar a R$ 5,40. O câmbio encerrou 2021 cotado a R$ 5,570, com desvalorização acumulada de 7,3% — o quinto ano seguido que o dólar fica acima do real.

 

 

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