Em São Paulo, entidades lançam campanha contra o fim do bônus da água

  • Por Estadão Conteúdo
  • 27/04/2016 13h36
SP - CRISE HÍDRICA/CANTARERA/ALTA - GERAL - Vista aérea da represa Jaguari-Jacareí, que faz parte do Sistema Cantareira, na cidade de Joanópolis, no interior de São Paulo, nesta sexta-feira, 19. O nível do Sistema Cantareira, principal manancial de abastecimento da capital paulista e da Grande São Paulo, voltou a subir nesta sexta-feira, 19, e registrou a quarta alta consecutiva, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Outros três sistemas tiveram aumentos, enquanto dois perderam volume de água armazenada. 19/02/2016 - Foto: LUIS MOURA/ESTADÃO CONTEÚDO LUIS MOURA/ESTADÃO CONTEÚDO - 19/02/16 Vista aérea da represa Jaguari-Jacareí

A rede Aliança Pela Água inicia, nesta quarta-feira (27), uma campanha para pressionar o governador Geraldo Alckmin (PSDB) a manter os programas de desconto e multa na conta de água na Grande São Paulo. As duas medidas foram lançadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) durante a crise hídrica e serão encerradas a partir de 1º de maio.

O grupo, que reúne organizações não governamentais e movimentos sociais, vai divulgar uma carta aberta ao governador assinada por 71 entidades, além de lançar uma petição pública pedindo à administração estadual que também sejam revogadas as alterações que dificultaram concessão de bônus para quem poupar água, desejando que o reajuste de 8,45%, a entrar em vigor a partir de 12 de maio, seja abolido para a conta de uso dos recursos hídricos. 

Intitulada #cademeubonus, a campanha reforça o discurso de que a decretação do fim da crise feita por Alckmin, em março, foi “prematura” e que é preciso manter o estímulo à gestão conciente. Só em 2015, segundo a Sabesp, a população economizou 176 bilhões de litros, mais do que a capacidade da Represa Guarapiranga.

“É muito cedo para falar em recuperação das represas porque ainda estamos longe de um nível de segurança nos nossos principais mananciais. Tanto o Cantareira como o Alto Tietê estão com níveis muito abaixo do que tinham em 2013, antes do início dos problemas”, afirmou a coordenadora da Aliança Pela Água, Marussia Whately.

Em abril de 2013, o Cantareira operava com 63% de sua capacidade, enquanto nesta quarta-feira tem 36,4% de seu volume operacional, sem considerar as duas cotas do volume morto, cuja autorização de uso foi suspensa em março pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE). Já o Alto Tietê, tinha 66%, em detrimento dos 40,4% encontrados nesta quarta-feira. “A falta de chuvas que temos visto em abril mostra que é prematuro falar em normalidade hídrica”, completa Marussia.

Segundo sua perspectiva, a revogação do bônus penalizou quem investiu em equipamentos para economizar água durante o áuge da crise e pode levar ao aumento do consumo, colocando a população sob o risco de uma nova escassez.

“Essa é uma decisão que está muito mais ligada à saúde financeira da companhia do que com a continuidade do legado positivo da questão, para que a consciência de consumo não retorne ao do período pré-crise. A estiagem criou um problema agudo, mas não podemos esquecer que a região metropolitana sofre de um problema crônico permanente no que se refere a recursos hídricos”, disse.

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