EUA revelam que Pinochet acobertou e se negou a investigar “Caso Quemados”

  • Por Agencia EFE
  • 31/07/2015 14h38

Washington, 31 jul (EFE).- O ditador chileno Augusto Pinochet foi o principal acobertador e se recusou a investigar o caso de dois jovens que foram queimados vivos por militares em 1986, o episódio conhecido como “Caso Quemados”, é o que revelam alguns documentos desclassificados do governo dos Estados Unidos divulgados nesta sexta-feira.

Os documentos, que eram secretos e faziam parte do acervo da Casa Branca, da CIA e do Departamento de Estado, revelam que esse encobrimento durou quase três décadas e incluiu sequestro e intimidação de testemunhas, assim como o exercício de pressão sobre juízes e advogados chilenos.

O Arquivo de Segurança Nacional da Universidade George Washington publicou hoje os documentos em seu site.

Rodrigo Rojas, que na época tinha 19 anos, e Carmen Gloria Quintana, que tinha 18, foram detidos por uma patrulha militar no dia 2 de julho de 1986 em um bairro de Santiago, que os agrediu e depois os queimou vivos após despejar gasolina sobre seus corpos.

Em seguida, os soldados os levaram para os arredores da cidade e os jogaram em uma vala ao longo de uma estrada rural. No entanto, os jovens conseguiram sair algumas horas depois e pediram ajuda, mas Rojas acabou morrendo 96 dias depois.

O “Caso Quemados” foi reaberto a partir da confissão de um homem que fez parte da patrulha militar que queimou os jovens e 12 ex-militares já foram detidos e processados.

O juiz do caso, Mario Carroza, processou ontem os cinco ex-militares que foram detidos na segunda-feira passada por suposta participação no crime.

Os cinco se somam a outros sete que foram processados na semana passada e que também são acusados pelo homicídio qualificado consumado de Rodrigo Rojas, que não resistiu às queimaduras, e pela tentativa de assassinato de Carmen Gloria Quintana.

Segundo um documento desclassificado do Departamento de Estado dos EUA, apenas cinco dias depois da morte de Rojas o general Rodolfo Stange, chefe da polícia chilena na época, entregou a Pinochet um relatório no qual identificava as unidades militares responsáveis pelo crime.

Pinochet disse a Stange que não acreditava nessa informação e se negou a receber o relatório, de acordo com o documento desclassificado.

Posteriormente, Stange entregou o relatório ao general Santiago Sinclair, vice-comandante em chefe do Exército na época e responsável por supervisionar “intensos esforços para silenciar a testemunhas e enterrar as provas”, de acordo com as revelações dos documentos americanos. EFE

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