Federal Reserve seguirá reduzindo gradualmente estímulos à economia dos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 27/02/2014 17h23

Washington, 27 fev (EFE).- O Federal Reserve (Fed) continuará reduzindo gradualmente seu estímulo monetário ao mesmo tempo em que tentará determinar se a recente fraqueza da economia dos Estados Unidos se deve a um inverno cruel ou a causas menos efêmeras, disse nesta quinta-feira a presidente do banco central americano, Janet Yellen.

“O inverno extraordinariamente frio desempenhou um papel”, afirmou Yellen durante seu discurso perante o Comitê de Bancos do Senado, duas semanas após ter comparecido perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes.

A primeira mulher à frente do Fed em um século de existência da instituição encontrou pouca simpatia entre os senadores democratas, que são maioria na câmara alta, e abundantes críticas entre a minoria republicana.

“Me preocupa que a reativação econômica não alcance todos nos Estados Unidos”, declarou o presidente do Comitê, o democrata Tim Johnson. “São muitas as cidades grandes e pequenas em todo o país que não se recuperaram da Grande Recessão e seguem brigando”.”O desemprego de longo prazo segue em níveis historicamente altos”, continuou Johnson. “A desigualdade de receita torna-se mais grave e mais e mais famílias se veem empurradas para fora da classe média”.

Yellen reiterou que “o Fed provavelmente reduzirá o ritmo de suas compras de ativos em passos mesurados durante as próximas reuniões”.

Em 2008 o Federal Reserve iniciou um programa de aquisições de bônus do Tesouro e títulos hipotecários no valor de US$ 85 bilhões mensais, e em dezembro iniciou a redução dessas compras, que agora estão em US$ 65 bilhões ao mês.

Mike Crapo, o republicano de maior categoria no Comitê do Senado, disse que a decisão de reduzir as compras “é bem-vinda por todos” os que discordam com a política do banco central.

“Quando o Fed deixar de expandir sua pasta terá mais de US$ 4 trilhões em bônus do Tesouro e títulos hipotecários”, advertiu Crapo, que lembrou que alguns analistas qualificaram este excesso de reservas como “faísca sobre os livros contábeis do sistema bancário”.

“O Federal Reserve deverá ser muito vigilante para assegurar que as ferramentas que identificaram para conduzir a retirada gradual sejam suficientes para impedir transtornos nos mercados”, acrescentou. “Estas políticas monetárias não convencionais fracassaram na produção dos benefícios prometidos”.

Yellen também reiterou o compromisso do Fed para manter a taxa básica de juros abaixo de 0,25% enquanto o índice de desemprego se manter acima de 6,5% e a inflação não exceder 2,5%.

A vinculação entre o crédito barato e o índice de desemprego preocupou os investidores no mês passado, quando o Departamento de Trabalho informou que o desemprego, que tinha chegado a 10% em outubro de 2009, caiu para 6,6%.

Os mercados financeiros mostraram a apreensão dos investidores de que o Fed, perante tal indicador, abandonasse a taxa de juros baixa que manteve desde dezembro de 2008.

Quanto à inflação, medida pelo índice de preços em despesas de consumo, um indicador ao qual o Fed presta muita atenção, foi de 1,1% anual em dezembro e esteve abaixo da meta do banco central desde maio de 2012.

De todos os modos, Yellen evitou hoje dizer se o Fed abandonará o patamar do índice de desemprego e assinalou que o banco central não pode fixar-se apenas nesse índice para avaliar a condição do mercado de trabalho.

“A recuperação no mercado de trabalho está longe de ser completa. Meus colegas no Comitê de Mercado Aberto (do Fed) e eu antecipamos que a atividade econômica e o emprego se expandirão a ritmo moderado este ano e no próximo, a taxa de desemprego seguirá descendo a um nível sustentável em longo prazo, e a inflação retornará a cerca de 2% nos próximos anos”, concluiu Yellen. EFE

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