FMI reduz previsão global para 2015, mas descarta contágio da Grécia
Alfonso Fernández.
Washington, 9 jul (EFE).- A economia global crescerá em 2015 menos do que o esperado, 3,3%, devido ao encolhimento da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre e o arrefecimento dos países emergentes, com a América Latina sofrendo uma freada forte e a China moderando o crescimento em sua transição para um modelo mais centrado no mercado interno, publicou o FMI nesta quinta-feira.
Na atualização de seu relatório “Perspectivas Econômicas Globais”, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu para 3,3% a expansão global em 2015, dois décimos a menos que o previsto em abril, mas não previu mudanças para 2016 e manteve a perspectiva de 3,8%.
Trata-se do menor ritmo de crescimento global desde o 3,4% registrado em 2009, em plena crise econômica.
Em entrevista coletiva na sede da instituição financeira, Olivier Blanchard, economista-chefe do Fundo, ressaltou que apesar da recessão temporária dos EUA “os motores subjacentes para uma aceleração gradual da atividade econômica nos países avançados se mantiveram intactos”.
Entre eles, apontou às “favoráveis condições de financiamento, uma política fiscal mais neutra na zona do euro, o menor preço do combustível, e a melhoria na confiança e no mercado de trabalho”.
Blanchard ressaltou a resistência da economia global ao afirmar que crise grega e a recente volatilidade financeira na China não a afetarão em grande medida.
“O contágio em nível global (da Grécia) ser limitado é algo reconfortante. O que vimos desde a segunda-feira da semana passada (quando foi anunciado o referendo sobre a proposta dos credores), são pequenos testes de resistência na economia do euro”, explicou ao lembrar que o Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia representa menos de 2% da zona do euro e apenas 0,5% da economia global.
Para a zona do euro, o Fundo não variou seus cálculos anteriores (1,7% este ano e 1,5% no próximo) e revisão para cima as previsões que colocam a Espanha na liderança do crescimento, com 3,1% em 2015, acima da Itália, que volta a ter números positivos com 0,7%, e a França, com estimativa de 1,2% e da Alemanha, a maior economia da zona do euro, com 1,6%.
Sobre as agudas quedas nas bolsas chinesas nas últimas semanas, Blanchard não se mostrou excessivamente preocupado com suas consequências globais, mas alertou que evidenciam as “dificuldades da transição para um novo modelo de crescimento econômico”, mais centrado no mercado interno na China.
O Fundo prevê que a Índia supere a China este ano como líder do crescimento na Ásia.
A Índia crescerá, de acordo com as novas estimativas, 7,5% em 2015 e em 2016, enquanto na China será de 6,8% este ano e 6,3% no próximo.
A região que se levou o maior corte no relatório global é a América Latina, para onde se prevê um crescimento de apenas 0,5% este ano e de 1,7% em 2016.
“Na América Latina temos rebaixado as previsões durante mais de quatro anos, isso demonstra que seu crescimento prévio esteve muito sustentado nos altos preços das matérias-primas e nas favoráveis condições financeiras”, disse Blanchard.
“Por isso, está claro que a América Latina encara enormes desafios”, alertou.
O FMI prevê que o Brasil fechará este ano com uma contração de 1,5%, e o México com crescimento de 2,4%, em ambos casos com importantes revisões para baixo entre cinco e seis décimos, respectivamente, em comparação com os cálculos de três meses atrás.
Para ano que vem a expectativa é que o Brasil volte a crescer, com um moderado crescimento de 0,7% e o México chegue aos 3%. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.