Fórum Econômico Mundial propõe agenda transformadora para a América Latina

  • Por Agencia EFE
  • 14/05/2015 16h02

Martí Quintana.

Playa del Carmen (México), 8 mai (EFE).- O décimo Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina terminou nesta sexta-feira no México com uma mensagem clara: a região deve resolver a inequidade e potencializar o emprego e o desenvolvimento através de uma agenda transformadora.

Um programa que deve ser implementado em todos os níveis e representar um compêndio de mudanças em matéria comercial, institucional e educativa, entre outros, segundo se desprendeu das conferências e reuniões protagonizadas por destacadas figuras políticas, empresariais e acadêmicas.

“É um momento no qual é preciso impulsionar reformas estruturais para gerar crescimento na América Latina”, resumiu na mensagem de encerramento o diretor-geral do organismo de promoção exterior ProMéxico, Francisco González.

Para isso, é necessário “avançar mediante uma agenda de renovação”, título da cúpula, que “inclui energia, meio ambiente, infraestrutura, produtividade, transparência, prestação de contas, educação e inovação, ente outras”, assinalou.

Segundo a organização, esta edição foi “recorde” em números; mil visitantes, 45 países participantes, 223 reuniões bilaterais e a presença de 28 ministros de 14 países e dos presidentes de México, Enrique Peña Nieto; Panamá, Juan Carlos Varela; e Haiti, Michel Martelly.

“Há um ânimo de transformação e modernização para impulsionar o crescimento econômico e o desenvolvimento”, disse na quinta-feira Peña Nieto na inauguração deste evento realizado ontem e hoje em um hotel da Riviera Maya, no estado de Quintana Roo.

Embora o fórum tenha sido mais de propostas que de ações, este afã de superação e integração regional pôde ser corroborado mediante atos como a assinatura do Acordo para a Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos entre México e Haiti.

Combinado a isso, foi traçado um roteiro para a Aliança para a Prosperidade do Triângulo Norte – promovida pelos presidentes de El Salvador, Guatemala e Honduras – para impulsionar a integração energética na região, ressaltou González.

A presença pela primeira vez na cúpula de representantes cubanos também encenou a vontade inclusiva do evento.

A ministra de Finanças cubana, Lina Pedraza, destacou o início da normalização da relação entre Cuba e EUA e assegurou ver “com otimismo o relançamento da ilha” na América Latina, afirmando ter recebido muitas demonstrações de apoio, especialmente de empresários mexicanos.

Precisamente, foram os líderes empresariais e os acadêmicos participantes do fórum que mais ressaltaram a necessidade de mudar a América Latina para conseguir um maior desenvolvimento, centrando seu discurso na necessidade de escapar da desigualdade.

“Vivemos em um entorno muito desigual para as mulheres”, disse a empresária mexicana Angélica Fuentes, que salientou que, se a participação das mulheres no mercado de trabalho chegasse a 80%, o Produto Interno Bruto (PIB) regional aumentaria 17%.

Por sua vez, o copresidente do Conselho de Administração da empresa telecomunicações América Móvil, Carlos Slim Domit, defendeu uma transição inclusiva rumo às tecnologias da informação.

“A América Latina continua sendo dolorosamente desigual”, lamentou o economista chileno Andrés Velasco, que disse ser necessário buscar ferramentas políticas que combatam desigualdades e aumentem o acesso a oportunidades, entre outros.

Por sua vez, o vencedor do prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, lembrou que as diferenças não existem somente entre homem e mulher, pois também há discriminação por raça, por exemplo.

Stiglitz acendeu o debate no último painel afirmando que acordos como o Transpacífico (TPP) e a Aliança do Pacífico, formada por Peru, Chile, México e Colômbia, poderiam aumentar a inequidade.

Esta consideração foi negada pelos empresários, que apostaram em aumentar o comércio inter-regional, e refutada inclusive por Velasco, que lembrou que o Chile manteve “negociações fortes” em seu tratado com os EUA, defendendo os interesses nacionais “com bons resultados”.

Por fim, a organização anunciou que a próxima edição do fórum será realizada na Colômbia, onde espera-se que se aprofunde nesta necessária agenda de renovação. EFE

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