Jornal “Asahi” se desculpa por dizer que trabalhadores de Fukushima fugiram
Tóquio, 12 set (EFE).- “Asahi”, o segundo jornal mais lido do Japão, se desculpou nesta sexta-feira na capa por um artigo que afirmava erroneamente que funcionários da usina de Fukushima desobedeceram ordens e fugiram na crise de 2011, o que causou a demissão de um de seus principais editores.
A retificação do artigo, publicado em 20 de maio, foi um duro golpe para a credibilidade do rotativo, que tem uma tiragem de 10 milhões de exemplares diários, e recebeu duras críticas da opinião pública japonesa e inclusive do primeiro-ministro, Shinzo Abe.
“Lamentamos profundamente ter publicado este conteúdo errado. Pedimos sinceramente desculpas ao público, principalmente aos nossos leitores e a todos aqueles que trabalharam em Fukushima Daiichi”, afirmou a nota publicada na primeira página.
A história sobre as inexatidões publicadas pelo jornal, de tendência liberal e antinuclear, ocupou também as manchetes dos outros principais jornais do Japão: “Yomiuri”, “Nikkei” e “Mainichi”.
O editorial do Asahi foi precedido por uma entrevista coletiva realizada na véspera, onde o presidente do jornal, Tadakazu Kimura, se desculpou entre solenes reverências e anunciou a demissão do editor executivo Nobuyuki Sugiura e duras punições para os repórteres envolvidos, ao tempo que não descartou renunciar no futuro.
No artigo de maio, Asahi afirmou que 90% dos trabalhadores da usina de Fukushima, atingida pelo terremoto e tsunami de março de 2011, desobedeceram o então diretor da central, Masao Yoshida, e fugiram para outras instalações.
A matéria afirmava ter tido acesso a transcrição do interrogatório de Yoshida.
O governo publicou nesta quinta-feira esses documentos, em que Yoshida diz que os funcionários abandonaram as instalações, mas que a decisão deles nunca foi contrária as suas ordens e que, além disso, pareceu “a mais correta”.
Tanto Kimura como o editorial do “Asahi” atribuíram o erro a “interpretações incorretas” e a falta de checagens da declaração de Yoshida.
O escândalo ganhou mais dimensão já que estourou pouco depois de Asahi admitir grandes erros em reportagens publicadas nas décadas de 80 e 90 sobre o recrutamento forçado de mulheres coreanas para serem usadas como escravas sexuais do exército japonês durante a Segunda Guerra Mundial. EFE
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