Jornal “Asahi” se desculpa por dizer que trabalhadores de Fukushima fugiram

  • Por Agencia EFE
  • 12/09/2014 02h25

Tóquio, 12 set (EFE).- “Asahi”, o segundo jornal mais lido do Japão, se desculpou nesta sexta-feira na capa por um artigo que afirmava erroneamente que funcionários da usina de Fukushima desobedeceram ordens e fugiram na crise de 2011, o que causou a demissão de um de seus principais editores.

A retificação do artigo, publicado em 20 de maio, foi um duro golpe para a credibilidade do rotativo, que tem uma tiragem de 10 milhões de exemplares diários, e recebeu duras críticas da opinião pública japonesa e inclusive do primeiro-ministro, Shinzo Abe.

“Lamentamos profundamente ter publicado este conteúdo errado. Pedimos sinceramente desculpas ao público, principalmente aos nossos leitores e a todos aqueles que trabalharam em Fukushima Daiichi”, afirmou a nota publicada na primeira página.

A história sobre as inexatidões publicadas pelo jornal, de tendência liberal e antinuclear, ocupou também as manchetes dos outros principais jornais do Japão: “Yomiuri”, “Nikkei” e “Mainichi”.

O editorial do Asahi foi precedido por uma entrevista coletiva realizada na véspera, onde o presidente do jornal, Tadakazu Kimura, se desculpou entre solenes reverências e anunciou a demissão do editor executivo Nobuyuki Sugiura e duras punições para os repórteres envolvidos, ao tempo que não descartou renunciar no futuro.

No artigo de maio, Asahi afirmou que 90% dos trabalhadores da usina de Fukushima, atingida pelo terremoto e tsunami de março de 2011, desobedeceram o então diretor da central, Masao Yoshida, e fugiram para outras instalações.

A matéria afirmava ter tido acesso a transcrição do interrogatório de Yoshida.

O governo publicou nesta quinta-feira esses documentos, em que Yoshida diz que os funcionários abandonaram as instalações, mas que a decisão deles nunca foi contrária as suas ordens e que, além disso, pareceu “a mais correta”.

Tanto Kimura como o editorial do “Asahi” atribuíram o erro a “interpretações incorretas” e a falta de checagens da declaração de Yoshida.

O escândalo ganhou mais dimensão já que estourou pouco depois de Asahi admitir grandes erros em reportagens publicadas nas décadas de 80 e 90 sobre o recrutamento forçado de mulheres coreanas para serem usadas como escravas sexuais do exército japonês durante a Segunda Guerra Mundial. EFE

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