Líder afegão adverte no Congresso dos EUA para entrada do EI no Afeganistão

  • Por Agencia EFE
  • 25/03/2015 16h32
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Washington, 25 mar (EFE).- O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, advertiu nesta quarta-feira os legisladores americanos da entrada de membros do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) em território afegão, em seu primeiro discurso na sessão conjunta do Congresso dos Estados Unidos como líder do país islâmico.

Gani, eleito recentemente, sucedendo Hamid Karzai, se desfez em elogios aos Estados Unidos e agradeceu “os sacrifícios do povo americano para defender um Afeganistão livre”, mas alertou sobre os desafios que seu país ainda enfrenta.

“Desde o oeste, o Estado Islâmico já está enviando avanços até o sul e o oeste do Afeganistão para pôr a prova nossas vulnerabilidades. No sul, as operações de contra-insurgência do Paquistão, onde mais de 40 mil pessoas morreram, já estão pressionando os talibãs do Waziristão do Sul para as regiões fronteiriças do Afeganistão”, alertou.

Gani explicou que seu país está contendo as múltiplas ameaças regionais e globais que emergem da sociedade islâmica, e ressaltou a necessidade de o mundo compreender o perigo que o EI representa.

“A natureza em transformação do terror não poderia ter se formado sem que alguns estados tolerassem, financiassem, e dessem abrigo (aos terroristas), e os atores não violentos se transformassem em instrumentos de políticas míopes”, disse.

“É fundamental que o mundo entenda a terrível ameaça que o EI e suas forças aliadas são para os Estados da Ásia ocidental e central”, acrescentou.

Em um plenário movimentado e sob a presidência do vice-presidente americano, Joe Biden, Gani também advertiu que os movimentos terroristas que pretendem desestabilizar todos os estados da região “estão buscando novas bases de operação”.

“Estamos em primeira linha. Os terroristas não conhecem fronteiras nem precisam de passaportes para divulgar sua mensagem de ódio e discórdia”, insistiu o presidente.

O líder, que está nos Estados Unidos junto com a cúpula de sua equipe de governo para estabelecer os fundamentos de suas relações bilaterais, chegou na terça-feira a um acordo com o presidente americano, Barack Obama, para desacelerar a saída das tropas americanas do país, um de seus principais pedidos.

Após o discurso, o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, aplaudiu o discurso de Gani e enfatizou que os Estados Unidos “devem continuar vigilantes” para preservar as conquistas alcançadas no Afeganistão.

Até o final do ano passado, a presença das tropas dos EUA esteve amparada pela missão internacional da Otan e, desde janeiro, ainda sob o guarda-chuva da Aliança Atlântica, 10 mil militares destacados no Afeganistão permanecem para trabalhos de treinamento e assistência.

O calendário de retirada, modificado com o anúncio de ontem, previa originalmente reduzir esse número à metade no fim de 2015, e diminuí-lo de novo ao término de 2016 para somente mil militares necessários para a segurança da embaixada dos EUA em Cabul. EFE

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