Ministro de Merkel renuncia por interferir em caso de pornografia infantil

  • Por Agencia EFE
  • 14/02/2014 15h23

Berlim, 14 fev (EFE).- O ministro da Agricultura da Alemanha, Hans Peter Friedrich, anterior titular de Interior, apresentou sua renúncia nesta sexta-feira após reconhecer que avisou ao Partido Social-Democrata que um de seus deputados estava sendo investigado por um caso de pornografia infantil, informou a televisão pública “ARD”.

A renúncia de Friedrich vem à tona menos de dois meses depois de Angela Merkel ter sido eleita chanceler para uma terceira legislatura, liderando uma grande coalizão entre seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU); a União Social-Cristã (CSU) da Baviera, a mesma formação de Friedrich, e o Partido Social-Democrata (SPD).

O ministro, que nesta manhã afirmou que só renunciaria se a Promotoria abrisse uma investigação sobre seu proceder, por suposta revelação de segredos, convocou os meios de comunicação às 16h (14h, em Brasília) para uma entrevista coletiva.

Em outubro, durante as negociações para formar a coalizão, Friedrich informou à cúpula do SPD que o nome de um de seus deputados, Sebastian Edathy, aparecia no marco de uma investigação sobre pornografia infantil iniciada no Canadá.

O porta-voz do ministro explicou hoje que atuou “de boa fé”, convencido de que estava atuando corretamente “tanto do ponto de vista político como legal”, e com a intenção de gerar “confiança” no futuro parceiro de Governo.

Friedrich falou por telefone esta manhã com Merkel, mas não revelou o conteúdo da conversa.

“O ministro é consciente da dimensão da situação”, se limitou a assinalar o porta-voz de Merkel.

Edathy, destacado deputado especializado em questões de Interior, abandonou sua cadeira de forma inesperada neste fim de semana, alegando motivos de saúde, e na terça-feira a oolícia revistou sua casa e seus escritórios.

O que até então era “caso Edathy” se transformou ontem no “caso Friedrich”, depois que o SPD tornou público que em outubro o então ministro do Interior informou ao líder social-democrata, Sigmar Gabriel, hoje vice-chanceler de Merkel, que seu companheiro estava sendo investigado.

Em entrevista coletiva, o promotor superior de Hannover, Jörg Fröhlich, à frente das investigações, mostrou hoje a “perplexidade” de sua equipe ao conhecer as filtragens de um caso que não chegou a seu departamento até o mês passado de novembro.

Desconhecendo que a informação já circulava nas esferas políticas, a promotoria começou a comprovar as acusações contra Edathy “sem pressa” e em detalhes, dada a transcendência do assunto.

O caso se encontra “na fronteira da pornografia infantil”, acrescentou Fröhilch, e é preciso comprovar ainda se o dirigente social-democrata cometeu um delito ao comprar entre 2005 e 2010 até 31 vídeos e fotografias de crianças nuas de entre 9 e 13 anos.

Os primeiros foram recebidos pelo correio, mas os últimos foram baixados da internet em um computador registrado, segundo a promotoria, no Bundestag (câmara baixa).

Isso mostra que o próprio Edathy pode ter sido avisado que estava sendo investigado, já que seu advogado entrou em contato em novembro com a promotoria para tentar organizar “uma conversa reservada”. EFE

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