Morte de promotor argentino altera agenda política de pré-candidatos
Buenos Aires, 19 jan (EFE).- A morte do promotor argentino Alberto Nisman, que tinha denunciado semana passada a presidente Cristina Kirchner de acobertar os autores do ataque de 1994 contra a associação judaica Amia, impactou totalmente a campanha dos pré-candidatos á corrida presidencial e alterou a agenda política nacional.
Nisman apareceu morto com um tiro na cabeça nesta segunda-feira em sua casa em Buenos Aires pouco antes da hora em que deveria comparecer ao parlamento argentino para dar detalhes e provas relacionadas à sua denúncia contra a presidente.
Após a confirmação de sua morte, os principais pré-candidatos presidenciais suspenderam as atividades previstas e viajaram para Buenos Aires para se reunir com seus colaboradores e analisar a situação.
O governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, um dos mais bem posicionados nas pesquisas para suceder Cristina Kirchner nas eleições de outubro, cancelou sua agenda no litoral e viajou para La Plata, a capital provincial.
Sergio Massa, líder da Frente Renovadora, também suspendeu os atos previstos na praia e retornou à capital para convocar uma entrevista coletiva na qual pediu a suspensão do acordo alcançado com o Irã em 2013 e denunciado por Nisman.
A deputada opositora Elisa Carrió mudou seus planos e permaneceu em Buenos Aires para acompanhar com detalhes o caso e exigir uma investigação em profundidade, enquanto o ex-vice-presidente Julio Cobos retornou com urgência de Mendoza a Buenos Aires e anunciou a suspensão de suas atividades de campanha nesta semana.
No Congresso, a maioria dos deputados que se reuniriam hoje com Nisman para que desse mais detalhes sobre a denúncia feita semana passada contra Cristina foram à câmara para homenageá-lo e pedir uma investigação profunda.
“Estou consternada. Parece algo absolutamente grave, de uma gravidade institucional muito forte”, denunciou a legisladora Patricia Bullrich, que tinha convocado Nisman a expor hoje as provas de sua denúncia contra Cristina diante de uma comissão da Câmara dos Deputados.
Após oito anos de investigações, Alberto Nisman denunciou Cristina na última quarta-feira por considerar que o memorando de entendimento aprovado em janeiro de 2013 com o Irã incluía um suposto encobrimento dos suspeitos do atentado contra a Amia em troca de relações comerciais e de petróleo por grãos em um contexto de crise energética na Argentina.
Nisman, de 51 anos, estava desde 2004 à frente da Unidade Especial da Promotoria de Investigação do Atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que deixou 85 mortos em 1994. EFE
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