ONU adverte que agricultura familiar foi subestimada na América Latina

  • Por Agencia EFE
  • 10/07/2014 23h15

Cidade do México, 10 jul (EFE).- A agricultura familiar foi subestimada na América Latina, onde as unidades agrícolas de pequena escala ocupam quase 35% do total da área cultivada, afirmou nesta quinta-feira o presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Kanayo Nwanze.

Nwanze disse em entrevista à Agência Efe que a conclusão geral do estudo “Agricultura Familiar na América Latina”, apresentado hoje na Cidade do México, é que o papel desta atividade é muito importante no desenvolvimento nacional.

O nigeriano ressaltou que este tipo de agricultura foi subestimada não só na análise do impacto potencial na melhora da segurança alimentar, “mas também porque proporciona uma oportunidade para gerar trabalho”.

“Também cria riqueza e promove a coesão. E os mais bem-sucedidos agricultores familiares são os que têm mais probabilidades de ficar em áreas rurais”, defendeu.

De acordo com Nwanze, isso ressalta a necessidade de os governos destinarem investimentos ao desenvolvimento rural de forma que “o aumento de produtividade dos pequenos agricultores esteja vinculado com investimentos em infraestrutura, ou seja, estradas, eletricidade, escolas, serviços sociais, clínicas”.

Nwanze apresentou o estudo durante uma visita de trabalho ao México de 9 a 13 de julho para dialogar com autoridades do governo sobre os avanços do país em matéria de desenvolvimento agrícola em zonas rurais.

O estudo, elaborado pelo FIDA e o Centro Latino-Americano para o Desenvolvimento Rural, analisa a situação regional da agricultura familiar em seis países: Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala e México.

Nos países em desenvolvimento vivem 5,5 bilhões de pessoas, e três bilhões nas áreas rurais.

“Desses habitantes rurais, 2,5 bilhões pertencem a famílias envolvidas na agricultura e 1,5 bilhão estão em famílias de pequena produção agrícola. Na América Latina, as produções agrícolas de pequena escala ocupam quase 35% da área total cultivada”, indica.

O documento afirma que a permanência e participação desta atividade são fundamentais diante do desafio de alimentar as nove bilhões de pessoas que habitarão o planeta em 2050, “no contexto da mudança climática e transição demográfica, talvez os dois processos estruturais mais transcendentais que afetam o planeta”.

O estudo destacou que a agricultura familiar se caracteriza por ser heterogênea, e que os agricultores em geral obtêm uma parte cada vez maior de sua receita por atividades não agrícolas, inclusive por subsídios e apoios do governo.

“É necessário que as políticas atuais e as que estão por vir dirigidas à agricultura familiar ampliem seu enfoque além da propriedade rural e integrem o desenvolvimento rural e a segurança alimentar”, sustentou.

O estudo ainda recomenda que as políticas destinadas a esta atividade deixem “para trás a excessiva dependência do governo, assim como as soluções e propostas que tratam os agricultores familiares como pobres e dependentes crônicos”.

“Tal enfoque gera clientelismo e perpetua os ciclos viciosos que tornam os produtores mais dependentes da políticas em lugar de capacitá-los”, enfatizou o FIDA, uma agência das Nações Unidas estabelecida formalmente em 1977 e com sede em Roma, na Itália.

O FIDA apoia as pessoas em comunidades rurais de países em desenvolvimento para que aumentem sua receita e com isso garantam sua segurança alimentar, e seus recursos financeiros vem principalmente das contribuições voluntárias de seus Estados-membros. EFE

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