ONU debate eficiência de estratégias usadas para solucionar conflitos armados

  • Por Agencia EFE
  • 14/01/2015 21h51
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Agustín de Gracia.

Nações Unidas, 14 jan (EFE).- O Conselho de Segurança da ONU se reuniu nesta quarta-feira para debater por que é tão difícil superar os conflitos armados em alguns países e em que pontos a comunidade está falhando na tentativa de consolidar a paz no mundo.

O encontro foi presidido pelo ministro das Relações Exteriores do Chile, Heraldo Muñoz, cujo país preside neste mês o principal órgão de decisões da ONU.

Exemplos de nações que superaram esse tipo de problema e têm um processo de paz encaminhado, como Serra Leoa, Libéria e Guiné-Bissau, foram citados pelos participantes. Mas também se reconheceram os resultados frustrantes em outros locais.

O Sudão do Sul, a República Centro-Africana e a Líbia são três dos países nos quais, apesar dos esforços e dinheiro investidos pela ONU e pela comunidade internacional, a guerra se manteve firme.

“Os conflitos seguem presentes, às vezes com alarmante frequência, intensidade e diversidades de atores, pois suas causas, em particular a exclusão e a desigualdade, não só persistem, mas se acentuaram”, afirmou Muñoz.

Em 2005 a ONU criou a Comissão de Consolidação da Paz, agora presidida pelo embaixador brasileiro na entidade, Antonio Patriota. No ano passado, o chanceler chileno era o responsável pelo órgão, que permitiu uma melhor tramitação dos conflitos na entidade.

O papel da comissão continua relevante, mas a ONU está concentrada em um esforço para fixar novas prioridades, revisar procedimentos e reforçar compromissos, sobretudo financeiros, para que, quando os envolvidos acertem um cessar-fogo, o próximo passo seja a paz definitiva.

Tornar as instituições mais fortes, legitimar os Estados e incluir todos os atores políticos nas discussões das causas do conflito são as etapas que a ONU considera como fundamentais no processo.

“A experiência indica que é essencial fortalecer os processos de construção institucional, baseados em sistemas políticos que contem com reconhecimento dos cidadãos, privilegiando as principais funções da administração pública”, explicou o ministro chileno.

A reunião começou com uma exposição do vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson, que lamentou a “recaída trágica” ocorrida em conflitos como no Sudão do Sul, por causa de “acordos frágeis” no processo de consolidação política.

Eliasson expressou a necessidade de ampliação de um fundo dedicado aos processos de paz e a inclusão de cada vez mais atores, especialmente os regionais, nas mesas de negociação.

“Os conflitos do mundo estão tendo cada vez mais uma dimensão regional”, afirmou o vice-secretário-geral.

O embaixador do Reino Unido na ONU, Mark Lyall Grant, também falou do impacto regional, mas no sentido contrário. Para ele, os conflitos nacionais cada vez mais se tornam regionais ou internacionais.

A penetração de grupos extremistas estrangeiros e o tráfico de armas são, entre outros elementos, razões que cada vez mais influenciam nos conflitos, disse o embaixador britânico.

De acordo com Eliasson e alguns dos representantes que participaram da reunião, a ONU deve se concentrar mais na etapa prévia do conflito para só depois dar sequência à assinatura da paz.

É o que Grant chamou de “tratamento de convalescença” para que o pós-conflito não saia dos trilhos.

Os representantes também citaram os perigos gerados pelo ebola em Serra Leoa e na Libéria, duas nações com longos conflitos armados que foram encerrados com sucesso, mas que agora enfrentam novos desafios por causa da epidemia.

Em seu discurso, Patriota afirmou que é necessário melhorar a coerência da resposta internacional aos conflitos, que deve ser “multifacetada, com uma sequência bem estudada e sustentada”.

Também defendeu o aperfeiçoamento da missão da ONU nessas funções, além do aumento do financiamento feito pelos países.

“Os fundos atuais são insuficientes para superar as lacunas a longo prazo depois dois investimentos iniciais para conseguir a paz”, afirmou o ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil.

Participou também da reunião Ismael Abraão Gaspar Martins, representante de Angola, país que viveu uma guerra civil de 27 anos, a mais longa da África.

Para o embaixador angolano, um dos elementos essenciais para superar a guerra no país foi integrar os antigos adversários no processo político. E destacou também os esforços para reinserir socialmente mais de 100 mil militares que participaram do conflito.

Durante a sessão, o Conselho de Segurança aprovou uma declaração presidencial na qual refletiu a necessidade de conseguir um “enfoque integrado e sustentado” para consolidar a paz nos países que sofreram conflitos. EFE

ag/lvl

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