Oriente Médio concentra metade das mortes de jornalistas registradas em 2014

  • Por Agencia EFE
  • 23/12/2014 19h08

Mario Villar.

Nova York, 23 dez (EFE).- Pelo menos 60 jornalistas morreram em 2014 no exercício de sua profissão, quase a metade deles em países do Oriente Médio, que se consolida como a região mais perigosa para os profissionais de comunicação, informou nesta terça-feira o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

O número representa uma redução em relação a 2013, quando o CPJ documentou 70 mortes, embora a organização com sede em Nova York esteja ainda investigando 18 falecimentos de jornalistas registrados este ano para saber se estiveram relacionados com sua profissão.

Em 2014, quase metade dos casos ocorreram em países do Oriente Médio, novamente com a Síria na frente, com pelo menos 17 jornalistas mortos neste ano.

O dado eleva o total de profissionais de comunicação falecidos durante o conflito sírio para 79 desde o início da guerra em 2011.

Entre eles se incluem os midiáticos casos de jornalistas ocidentais como James Foley e Steven Sotloff, executados pelos jihadistas do Estado Islâmico (EI) após meses de cativeiro.

Segundo o CPJ, neste ano houve uma “proporção estranhamente elevada” de jornalistas mortos enquanto trabalhavam no exterior, principalmente cobrindo conflitos no Oriente Médio, Ucrânia e Afeganistão.

Aproximadamente um quarto dos mortos eram enviados internacionais, um número que dobra a proporção registrada nos últimos anos.

Apesar desse aumento, a grande maioria dos falecidos segue sendo de profissionais locais, que são os que habitualmente se expõem a mais riscos no exercício de seu trabalho.

Por exemplo, dos aproximadamente 20 jornalistas que o CPJ calcula que estão desaparecidos na Síria, muitos dos quais acredita-se que estão sob poder do Estado Islâmico, a maioria são sírios.

Depois da Síria, Iraque e Ucrânia, com cinco mortes cada um, foram os países mais perigosos para a imprensa em 2014.

No caso iraquiano, pelo menos três jornalistas morreram enquanto cobriam o conflito entre o governo do país e seus aliados contra os insurgentes liderados pelo EI.

Na Ucrânia, onde se registraram as primeiras mortes de jornalistas desde 2001, todos, exceto um dos mortos, eram jornalistas estrangeiros que estavam cobrindo o conflito no país.

Os territórios palestinos foram este ano outro dos lugares mais perigos para os profissionais da informação, com pelo menos quatro jornalistas e três funcionários de meios de comunicação mortos durante a intervenção militar israelense em Gaza.

Também se registraram este ano novas vítimas em frequentes pontos conflituosos como Somália, Afeganistão, Paquistão e Filipinas, entre outros países.

Por sua vez, a Turquia teve sua primeira morte vinculada ao exercício do jornalismo em muitos anos, com o assassinato de um homem que distribuía exemplares de um jornal pró-curdo quando foi baleado na cidade de Adana.

Na América Latina chamam a atenção os dados do Paraguai, onde três jornalistas morreram no exercício de sua profissão, após sete anos sem informar-se nenhum caso.

Além disso, dois jornalistas morreram em 2014 no México e outros dois no Brasil, segundo os dados recolhidos no relatório anual do CPJ.

De todos os profissionais mortos este ano no mundo em relação com seu trabalho, 40% foram assassinados e pelo menos um terço deles tinham dito ter recebido ameaças previamente. Os demais morreram no fogo cruzado ou por fazer parte de coberturas perigosas.

Quase 68% dos jornalistas mortos se dedicava à cobertura da política, enquanto 60% cobria guerras e conflitos e 55% informava sobre os direitos humanos.

O emprego mais comum desempenhado pelos jornalistas mortos em 2014 foi o de repórter de meios audiovisuais, 35%, seguido pelo de fotógrafo e cinegrafista, com 27%. EFE

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