Pacifistas confessam roubo de papéis do FBI que revelou espionagem em 1971
Washington, 7 jan (EFE).- Um grupo de pacifistas dos anos 1970, atualmente com mais de 80 anos, confessou ter cometido o roubo de documentos da Agência Federal de Investigação (FBI) que revelou a espionagem política do governo dos Estados Unidos contra seus dissidentes em 1971, um caso que lembra as recentes revelações do ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA, sigla em inglês) Edward Snowden.
Os ladrões, oito ativistas contrários à Guerra do Vietnã, arrombaram um pequeno escritório do FBI na cidade de Media (Pensilvânia) no dia 8 de março de 1971, levaram todos os documentos que depois foram enviados para vários jornais, informou nesta terça-feira o “New York Times”.
Esse roubo revelou um programa de espionagem extenso utilizado pelo governo americano desde 1956 e do qual eram alvos os grupos antibelicistas, as associações de estudantes dissidentes, as organizações políticas, os supostos comunistas e os líderes dos direitos civis.
O FBI nunca capturou os ladrões e, mais de 40 anos depois, eles já não podem mais ser julgados por aquele crime. Por isso, cinco deles decidiram dar um passo à frente e confessar o ocorrido.
A ex-redatora do “Washington Post” Betty Medsger, uma dos jornalistas que publicaram os documentos roubados na época, convenceu os ativistas para que explicassem o roubo, faltando poucos dias para o lançamento de seu livro sobre o caso.
A revelação dos documentos do FBI, que evidenciavam os métodos reprováveis de espionagem contra os dissidentes, resultou em um acompanhamento mais próximo do Congresso das atividades dessa agência e de outros serviços de inteligência do governo.
“Vários eventos dessa época, inclusive o roubo em Media, contribuíram para uma mudança nos métodos do FBI para identificar e lidar com as ameaças internas contra a segurança. Além disso, o Departamento de Justiça realizou uma reforma das políticas e dos métodos do FBI, e criou diretrizes de investigação”, disse o porta-voz da Agência Federal de Investigação, Michael P. Kortan.
Tanto o desenvolvimento, como o final deste caso, parecem familiares em um momento no qual o governo de Barack Obama prepara reformas na Agência Central de Inteligência (CIA), após as polêmicas revelações sobre seus métodos de espionagem a partir do material divulgado por Snowden. EFE
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