Figura histórica do PT, Suplicy abraça Alckmin como vice de Lula: ‘Muita construção e respeito’

À Jovem Pan, vereador resalta relação cordial com ex-tucano, aposta que seu partido não abrirá mão da candidatura de Haddad para o governo de São Paulo e não descarta chapa com Boulos

  • Por Júlia Vieira
  • 28/12/2021 14h00 - Atualizado em 28/12/2021 14h12
ANDRÉ RIBEIRO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 12/12/2021 uardo Suplicy em tarde de autógrafo do seu novo livro (Um Jeito de Fazer Política) na Praça Dom José Gaspar, no centro de São Paulo neste sábado, 11. Em entrevista à Jovem Pan, Eduardo Suplicy defendeu aliança entre PT e PSOL para o governo de São Paulo

A possibilidade de o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) ser vice de Lula na eleição presidencial de 2022 incomodou tanto membros da direita quanto da esquerda. Não é o caso do vereador Eduardo Suplicy, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). O ex-senador disse ver com bons olhos uma chapa entre Alckmin e Lula e assegura que sua relação com o tucano sempre foi boa — prova disso foi o encontro que os dois tiveram no último domingo, 26. Apesar do próprio Lula não ter confirmado a sua candidatura à Presidência, o vereador diz que a legenda tem “clareza” da aspiração do ex-presidente ao Palácio do Planalto. “Cada partido já está escolhendo qual será seu candidato. Para o PT, nós temos a clareza da candidatura do Lula e agora estamos pensando em qual será melhor coligação. Existe até a possibilidade de termos Geraldo Alckmin como um candidato”, revelou em entrevista à Jovem Pan.

“Da minha parte, eu tenho uma relação sempre de muita construção e respeito pelo Geraldo Alckmin. Não teria, para mim, qualquer dificuldade em aceitá-lo como o candidato a vice, se isso for considerado”, disse Suplicy. Para formar chapa com Lula, o ex-governador se desfiliou do PSDB. Partidos como PSB, PSD e Solidariedade disputam Alckmin, que ainda não revelou a sua escolha. Caso seja o PSB, a filiação deve dificultar a viabilidade da aliança entre Alckmin e PT. Isso porque Márcio França quer concorrer para governador do Estado de São Paulo, mas o PT já tem o ex-prefeito Fernando Haddad como pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes.

Suplicy, a princípio, descarta um possível apoio do PT a França e salienta que é Haddad quem está despontando nas pesquisas. “Nós, em princípio, já escolhemos Fernando Haddad como o nosso candidato a governador. E Fernando Haddad, nas pesquisas de opinião, está melhor que França. Então, eu acredito que o bom senso dirá qual será melhor a melhor candidatura”, opinou o vereador. Outro nome que tem sido ventilado para o governo de São Paulo é o de Guilherme Boulos (PSOL). Amigo de Lula, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) disputou a prefeitura de São Paulo em 2018. Suplicy também não descarta uma aliança com Boulos e com PSOL, já que a sigla e o PT defendem pautas semelhantes e têm uma boa relação, ensejando boas alternativas para uma união entre as legendas.

“Nós temos toda a intenção de juntar forças com o PSOL. Eu tenho o melhor relacionamento possível com o Guilherme Boulos, tenho muita afinidade como ele. Nós estamos juntos em todas essas batalhas pela democracia. Eu acredito que, de alguma maneira, nós vamos ter o Guilherme Boulos”, afirmou o parlamentar. De acordo com Suplicy, uma das possibilidades seria uma troca de apoios: o PSOL apoiaria Haddad ao governo de São Paulo nas eleições de 2022 e, em contrapartida, PT apoiaria Boulos como candidato à prefeitura da capital em 2024. “Uma possibilidade seria até a escolha antecipada de que Boulos possa ser, por exemplo, candidato a prefeito em 2024. Mas isso ainda é uma questão aberta, né? Nós podemos até pensar no Guilherme Boulos como um vice de Fernando Haddad”, completou Suplicy.

Terceira via deve fazer frente contra Bolsonaro

Voltando ao cenário nacional, Suplicy, como grande entusiasta da democracia, celebra as opções da terceira via e acredita que há a possibilidade de um desses nomes bater de frente com o atual presidente da República, Jair Bolsonaro. “Esses partidos e esses candidatos da chamada terceira via têm toda a liberdade de se organizar e serem uma força importante. Eu avalio que essa terceira via poderá até vencer o Jair Bolsonaro, porque, dadas as suas atitudes, ele vem perdendo apoio”, apontou. Ele considera que, caso as eleições se polarizem em um segundo turno entre Lula e Bolsonaro, os candidatos de centro apoiarão o petista. “Poderá haver algum nome da terceira via que venha até a ter um bom resultado das eleições, mas acho que essa terceira via, se na reta final do segundo turno tivemos Lula versus Jair Bolsonaro, apoiará o Lula”, prevê o ex-senador.

Suplicy espera que o próximo chefe do Executivo, seja quem for, se comprometa com a Renda Básica de Cidadania, o projeto de sua vida. “Precisamos aperfeiçoar as ferramentas de transferência de renda até termos no Brasil plenamente implantada a Lei de Renda Básica de Cidadania. Esse é um compromisso que o presidente Lula já assumiu. É o direito de todo e qualquer cidadão, não importa a sua origem, raça, sexo e condição socio-econômica, de participar da riqueza comum de nossa nação”, explicou um dos principais quadros da esquerda brasileira, que lançou ainda em dezembro o seu novo livro “Um Jeito de Fazer Política”.

O vereador também se dispôs a conversar com o ministro Paulo Guedes sobre o Auxílio Brasil, o programa social implantado pelo governo Bolsonaro em substituição ao Bolsa Família. Na opinião de Suplicy, a forma como o benefício foi instaurado apenas aumenta a burocracia para os cidadãos. “O Auxílio Brasil, de alguma forma, acabou complicando mais o que havia antes no programa Bolsa Família. Seria muito melhor que nós estivéssemos caminhando para a Renda Básica inconcdicional e universal. Tenho até procurado fazer uma combinação para que Deus me dê a saúde suficiente para ver implantada no Brasil a Renda Básica de Cidadania”, finalizou.

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