Produtores mundiais de tabaco pedem que Brasil defenda sua liderança no setor

  • Por Agencia EFE
  • 14/05/2014 16h16

Rio de Janeiro, 14 mai (EFE).- Produtores de tabaco de vários países pediram nesta quarta-feira que o Brasil defenda sua posição como segundo maior produtor e maior exportador mundial da folha nas negociações no seio da Organização Mundial da Saúde (OMS) que podem restringir os plantios.

Os integrantes da Associação Internacional de Cultivadores de Tabaco (ITGA), que terminaram um encontro de dois dias em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, consideram que o Brasil, que até agora se inclina a defender uma limitação dos cultivos da folha, pode atender os interesses dos agricultores pela importância do setor para sua economia.

“O Brasil é estratégico no rumo das negociações. É impossível imaginar o mercado mundial de tabaco sem o Brasil. Caso o país se posicione de forma mais equilibrada e envolva os produtores nas discussões, com certeza inibirá as iniciativas mais radicais contra a cultura do tabaco e colocará o debate em um nível mais conciliador”, afirmou o diretor-executivo da ITGA, o português Antonio Abrunhosa.

Segundo o dirigente, em outros países em que a produção de tabaco também é grande, como nos da União Europeia, os governos já estão incluindo os produtores nas discussões e dando maior transparência às negociações da OMC.

Na reunião desta semana em Santa Cruz do Sul, os produtores mundiais discutiram precisamente sua posição perante a Sexta Conferência das Partes (COP-6) dos países assinantes do Convênio Marco para o Controle de Tabaco da OMS que será realizado na Rússia em outubro.

Na COP-6 serão discutidos os artigos 17 e 18 do Convênio Marco que preveem a redução dos cultivos de tabaco.

Os artigos foram abordados há dois anos na COP-5, mas então União Europeia e Brasil rejeitaram várias recomendações para restringir os cultivos pelo impacto que teriam entre as famílias que se dedicam ao cultivo de tabaco no mundo.

Segundo Abrunhosa, a minuta de recomendações para a reunião deste ano também prevê medidas que prejudicariam aos cultivadores, como restrições aos ciclos de colheita e limites às extensões de terra dedicadas ao tabaco.

“A inclusão dos produtores de tabaco nas discussões para definir a posição que o Brasil apresentará perante a COP-6 é a principal reivindicação da ITGA”, asseguram os agricultores na declaração final de seu encontro à qual a Agência Efe teve acesso.

Os membros do ITGA pediram ao Brasil que dialogue com os produtores de tabaco e os inclua nas negociações, para compensar o peso que até agora tiveram as organizações que defende restrições aos cultivos.

“Por mais que existam estudos e teses (sobre os riscos do tabaco), ninguém conhece melhor a realidade deste cultivo que seus produtores. Fala-se muito do (perigo do) consumo de cigarro, mas é necessário lembrar que estas discussões impactam o futuro de centenas de milhares de famílias”, comentou Abrunhosa.

Segundo a ITGA, as restrições afetarão 30 milhões de pessoas que dependem do cultivo de tabaco no mundo.

Por ser assinante do Convênio Marco, o Brasil está obrigado a cumprir todas suas determinações, incluindo a limitação de cultivos, com o que perderia espaço frente a seus principais concorrentes, Estados Unidos e Argentina, que não assumiram compromissos.

Os produtores também estão preocupados com a influência que podem ter na posição brasileira várias ONGs com posições radicais sobre o tabaco.

“Há um movimento orquestrado com o objetivo de prejudicar as discussões com posições radicais. Estes grupos contam com forte apoio financeiro e fazem um lobby muito efetivo. Esperamos sinceramente que também se ofereça diálogo às mais de 160 mil famílias que produzem tabaco no Brasil”, concluiu o dirigente. EFE

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