Recuperar a economia iraniana após sanções: um caminho cheio de oportunidades

  • Por Agencia EFE
  • 14/07/2015 16h27

Álvaro Mellizo.

Teerã, 14 jul (EFE).- Com o fim das sanções que está emparelhado com o acordo nuclear alcançado entre o Irã e as potências do Grupo 5+1, começa o processo para a recuperação da economia do país após anos de isolamento, um caminho que os especialistas preveem que seja longo, mas infestados de oportunidades excelentes.

Incontáveis empresas estrangeiras preparam há meses seu retorno ao Irã com o calor dos avanços das negociações nucleares, cuja bem-sucedida conclusão marcou o “pontapé inicial” para entrar em um mercado caracterizado por suas ingentes reservas energéticas, sua população jovem, numerosa e ávida por consumir, e um governo de tendência liberal desesperado por atrair investimentos.

“Estamos há dez anos esperando por este momento, é uma conquista muito importante. Em qualquer caso, não acreditamos que haja enormes mudanças e nem milagres depois do acordo, ainda há coisas e regulações internas e externas por mudar. Gradualmente será notado, sem dúvidas, que o Irã é o último grande mercado emergente do mundo por descobrir e todo o mundo está esperando isso”, disse à Agência Efe o empresário Ramin Rabii.

Rabii, diretor-gerente da Turquoise Partners, a maior empresa iraniana dedicada a tramitar capitais estrangeiros na Bolsa de Teerã, é um dos muitos iranianos convencidos das enormes oportunidades oferecidas por um país que conta com “condições excelentes” para o investidor.

“As condições para o empresário estrangeiro são amistosas, a economia está liberalizada e podem entrar em qualquer indústria à qual um iraniano está autorizado a entrar. Podem possuir até 100% de empresas locais e há regulações para promover e defender estes investimentos”, apontou Rabii.

Todas estas facilidades para o mercado são respaldadas abertamente pelo Executivo do clérigo moderado Hassan Rohani, que pôs na melhora da economia um dos eixos de seu governo.

Com uma gestão estritamente liberal, Rohani cortou subsídios e liberalizou setores, além de buscar reduzir a inflação, que em menos de dois anos passou de 40% anual a aproximadamente 15%.

Sob sua liderança, a economia saiu da recessão e superou a queda do PIB de 6,8% de seu antecessor imediato, Mahmoud Ahmadinejad (2005-2013), esforços reconhecidos e encorajados pelos empresários iranianos.

No débito, os principais impedimentos para investir no Irã são “burocracia e regulações” que existem em alguns setores, onde nota-se “a marca do Estado”, seja no controle de preços, em normas técnicas ou de gestão e em taxas.

Este adequação aos interesses dos investidores é o que pode levar mais tempo, segundo os analistas.

A “joia da coroa” da economia iraniana, o setor dos hidrocarbonetos, também fica fora de grande parte das possibilidades de investimento, já que a Constituição iraniana exige que os campos petrolíferos sejam propriedade do Estado.

“Apesar do enorme interesse que há nisto, a proibição foi um dos maiores problemas para ter investidores. Podem construir fábricas, fazer perfurações e ajudar a produção, mas não poderão ser proprietários dos poços”, apontou o analista.

No entanto, há meses o governo iraniano está anunciando a criação de um novo tipo de contrato para as empresas petrolíferas interessadas no Irã, cujo conteúdo concreto será revelado em setembro, mas que estima-se que incluirá cláusulas que permitirão modalidades de pagamento mais flexíveis.

Por enquanto, várias grandes empresas petrolíferas mundiais já receberam informação sobre estes planos, que aparentemente são de seu agrado, mas ainda não puseram sobre a mesa os bilhões de dólares necessários para voltar a trabalhar no Irã.

Para o pequeno comerciante iraniano, esgotado após anos de impedimentos e complicações, a melhora promete ser notável e chegará a um ritmo mais rápido do que para os grandes setores como os bancos ou o petróleo.

“O que esperamos é que produtos originais possam ser importados diretamente, mais baratos e melhor. Com as sanções, éramos obrigados a usar intermediários, dois ou três países. Agora não mais”, manifestou esperançoso à Agência Efe Shahram, proprietário de uma loja de provisões médicas no centro de Teerã. EFE

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