Secretário da Otan tacha de “inadequada” primeira visita de Putin à Crimeia

  • Por Agencia EFE
  • 09/05/2014 12h33

Moscou, 9 mai (EFE).- O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, qualificou nesta sexta-feira de “inadequada” a primeira visita do presidente russo, Vladimir Putin, à península da Crimeia, recém anexada pela Rússia.

“Nós consideramos a Crimeia território ucraniano e pelo que sei as autoridades ucranianas não convidaram Putin a visitar Crimeia, portanto, desse ponto de vista, sua visita é inadequada”, disse Rasmussen à imprensa durante visita à Estônia.

Rasmussen, que fez estas declarações após participar de uma conferência na Universidade de Tallinn, lembrou que a Aliança Atlântica considera “ilegal e ilegítima a anexação russa da Crimeia”.

“Nós não a reconhecemos”, enfatizou o secretário-geral, em relação à anexação sancionada por Putin em 21 de março, após o referendo realizado cinco dias antes que teve a proposta de anexação aprovada por mais de 90% dos crimeanos.

Em lembrança ao Dia da Vitória sobre a Alemanha nazista, Putin presidiu hoje um desfile militar no porto crimeano de Sebastopol, base da Frota russa do Mar Negro, que foi assistido por dezenas de milhares de pessoas.

Rasmussen insistiu que os aliados “ainda não têm provas visíveis sobre a retirada das tropas russas da fronteira com a Ucrânia”.

“Já vimos tais anúncios no passado sem o recuo das tropas, portanto somos muito prudentes. Eu seria o primeiro a me alegrar se as tropas russas se retirarem, se víssemos uma clara e significativa retirada, que contribuiria para reduzir a escalada da crise”, assinalou.

Durante a conferência, Rasmussen acusou a Rússia de violar o sistema de relações internacionais criado após o fim da Guerra Fria e de criar uma “nova e muito alarmante situação para a segurança europeia”.

“A Rússia criou uma situação de insegurança, instabilidade e ausência de segurança em todo o continente e em todo o espaço euroatlântico”, disse Rasmussen, citado pela agência russa “Interfax”.

O artigo 5 do Tratado de Washington (a carta de fundação da Aliança Atlântica), que se refere à intervenção da Otan em caso de agressão de terceiros a um de seus Estados-membros “é firme como uma rocha”, destacou o secretário-geral.

Neste sentido, destacou que a Aliança reforçou os dispositivos de patrulha aérea nos três países bálticos. E que ela “acompanhará de perto as ações da Rússia” perto de suas fronteiras e ressaltou que a ameaça de agressão é “clara” e que as condições de segurança na Europa “mudaram de maneira radical”.

“Lamento profundamente que a Rússia, pelo que parece, veja a Otan mais como um rival do que como um parceiro. Esta não é a postura que preferiríamos, mas estamos dispostos a aceitar o desafio”, finalizou. EFE

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