Ariano Suassuna, o maior humorista do Brasil

  • Por Jovem Pan
  • 24/07/2014 14h16
EFE Ariano Suassuna

Nêumanne, qual é a importância de Ariano Suassuna no teatro, na literatura e no ensino de literatura no Brasil?

Ariano Vilar Suassuna nasceu meio de uma tragédia, no limiar de uma tragédia: nasceu em 1927 e em 1930, o seu pai, que tinha sido presidente da Paraíba, foi assassinado no Rio de Janeiro, acusado pelos adversários políticos em seu Estado de estar detrás do assassínio do então presidente do Estado e candidato derrotado da chapa de Getúlio Vargas como vice-presidente em João Pessoa.

Como uma família sertaneja, esperava-se que houvesse vingança, mas dona Rita Vilar Suassuna impediu que isso acontecesse e o Ariano se vingou ao longo da vida fazendo muito humor.

Aos 87 anos de idade, quando o perdemos por causa de um acidente vascular cerebral, ele era, na minha opinião, o maior humorista do Brasil. Chico Anísio, que o antecedeu nesse trono, tirava tipos da vida real para interpretá-los; Ariano criava tipos para o teatro e depois os assimilava, misturava tudo junto e os transformavam em fatos engraçadíssimos.

Ele criou os dois personagens-símbolos da palhaçada no teatro brasileiro – Chicó e João Grilo, da farsa O Auto da Compadecida, e deles herdou a graça. A poesia estava na origem de tudo, afinal, O Auto da Compadecida é um resumo de três folhetos de cordel, que o Ariano tanto apreciava.

Só pra você, meu caro ouvinte da Rádio Jovem Pan, ter ideia da graça do Ariano, a última vez que eu o vi foi no centro cultural da USP, na rua Maria Antônia, fazendo uma palestra sobre o humor de Aristóteles a Bergson, para professorinhas da escola pública no interior de São Paulo. Aquelas mulheres nunca pensaram que iriam rir tanto daquele senhor sisudo, daquele senhor professor, aliás, brilhante professor. Não conheço nenhum livro de introdução à estética melhor do que o dele.

Ariano foi, ao mesmo tempo, uma aula e um espetáculo. A melhor definição de sua vida, o título do documentário, que Vladmir Carvalho dirigiu, gravando suas imagens e suas palavras em cena, no seu natural, no palco, na arena, no circo e na classe. 

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