Banco Central desmoraliza defesa de Dilma e evidencia o absurdo das pedaladas

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 06/04/2016 11h07
DF - DILMA ROUSSEFF/BICICLETA - GERAL - A presidente, Dilma Rousseff pedala sua bicicleta sob uma suave garoa na área externa do Palácio do Alvorada, na companhia do general Amaro, um segurança e de um personal trainer. Dois carros da segurança presidencial fez a escolta durante todo o trajeto. 09/02/2016 - Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO AE - A presidente Dilma Rousseff pedala sua bicicleta sob uma suave garoa na área externa do Palácio do Alvorada

Ninguém precisa recorrer a dados colhidos pela oposição ou pelos autores da denúncia contra Dilma Rousseff que tramita na Câmara para constatar a fragilidade da defesa da presidente quando nega ter cometido crime de responsabilidade. Basta, como evidencia reportagem da Folha desta quarta que as pessoas examinem os dados do Banco Central. E o que eles revelam?

Nas palavras da reportagem do jornal: “Entre 2001 e 2008, o impacto das pedaladas na dívida pública oscilou, sem tendência definida, entre 0,03% e 0,11% do PIB (Produto Interno Bruto, medida da riqueza nacional); a partir de 2009, o crescimento é contínuo, até chegar ao pico de 1% do PIB.”

Referendando palavras do Tribunal de Contas da União — que já havia negado, ao avaliar as contas de Dilma, a falácia de que já se tinha feito algo parecido antes —, os números demonstram que a presidente “pedalou” oito vezes mais do quem mais havia pedalado no passado: o próprio Lula. Em relação ao governo FHC, Dilma bicicletou 32 vezes mais.

Para lembrar: o TCU pediu que o BC calculasse, desde 2001, os atrasos de repasses do Tesouro para o FGTS, BNDES, Banco do Brasil e CEF. Ao final do governo tucano, o saldo negativo era de R$ 948 milhões; no governo Dilma, de R$ 60 bilhões. Se, no passado, uma diferença ou outra podiam fazer parte de algum desajuste de natureza quase burocrática, a partir do segundo mandato de Lula, e chegando ao paroxismo na gestão Dilma, tratou-se de uma política deliberada.

Os dados do Banco Central provam de forma insofismável que a pedalada não era um descuido, mas um dado de política econômica, que servia para maquiar o déficit. O Brasil que já não conseguia pagar suas contas foi, sim, tema da campanha eleitoral de 2014. Dilma desmentiu com todas as letras a difícil situação fiscal do governo e, quando confrontada com os fatos, acusava os adversários de querer cortar programas sociais.

Esses números, que vêm de um órgão oficial do governo, desmoralizam a defesa feita por José Eduardo Cardozo num outro aspecto: segundo o sabichão, só aponta irregularidades quem desconhece o mecanismo das contas. É mesmo? Então ele que vá se entender com o Banco Central. O BC, claro, nem nega nem reafirma as pedaladas; também não entra no mérito se é crime de responsabilidade. Ele só aponta o tamanho do descalabro.

Assim, quando o governo, sua tropa de choque e seus milicianos saem por aí a dizer que impeachment sem crime é golpe, só nos resta dizer o óbvio: “Sim, vocês estão certos! Então não é golpe porque o crime está aí”.

É claro que esses dados do Banco Central nem se faziam necessários para provar o que todo mundo sabe. Mas é bom que tenham vindo à luz, com a força adicional de que não podem ser acusados de estar a serviço de um viés anti-Dilma.

Segundo o Artigo 85 da Constituição, um presidente que atente contra qualquer de seus dispositivos comete crime de responsabilidade, especialmente se tal atentado se dá contra a Lei Fiscal, conforme estabelece o Inciso V.

Dilma que vá agora brigar com o Banco Central. Epa! Não seria o caso de entregar o dito-cujo para um desses PQPs que se vendem e que se compram? Talvez assim comecem a sair de lá números ao agrado da quase ex-presidente.

O Banco Central simplesmente desmoraliza a defesa de Dilma.

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