Brasileiro começa a comprar a inversão de valores promovida pelas elites do atraso

País vive teoria da conspiração que santifica Lula, demoniza a Lava Jato e trata o presidente Bolsonaro como genocida; comunicação em massa de realidade alterada começa a surtir efeito

  • Por Adrilles Jorge
  • 17/04/2021 12h00 - Atualizado em 18/04/2021 12h50
Matheus W Alves/Futura Press/Estadão Conteúdo - 15/04/2021 De boné vermelho e camiseta do PT, umamanifestante segura faixa com a mensagem Em frente ao STF, apoiadores de Lula pedem que sejam anuladas as condenações do ex-presidente na Lava Jato

O Brasil vive uma teoria da conspiração clara. Que está dando certo. Teoria desenvolvida pela paranoia coletiva e oportunista de todo o establishment político e intelectual. Uma teoria com cálculo de sobrevivência. Judiciário, imensa parte da mídia, intelectuais e artistas demonizam a Lava Jato, a mais eficiente força de combate à corrupção de colarinho branco no país; saúdam, com distância calculada, a ora dada candidatura à presidência de Lula, o chefe do maior esquema criminoso da nação; tratam como genocida um presidente que teve mãos atadas no combate à pandemia; obedecem e mandam obedecer cegamente medidas sanitárias de isolamento social ditadas por governantes que não dão certo, não salvam vidas e arruínam a economia. O surto coletivo tem três frentes. Primeira: o desejo paranoico — consciente ou não — de controle social das elites políticas do atraso. A Covid-19 foi um ótimo pretexto para trancar liberdades, exercer péssima gestão, aumentar a pobreza, prender, arrastar pessoas nas ruas, distribuir esmolas para os miseráveis criados por essa elite e depois dizer que está “salvando vidas”.

Segunda, o desejo paranoico de inversão da realidade de intelectuais acostumados a uma vida de hegemonia de pensamento ideológico de esquerda — que tinham em Lula e no PT seu fetiche de salvação. O mito de estimação desta elite converteu- se em corrupto comprovado e presidiário condenado. Por questiúnculas jurídicas dadas por um Judiciário invejoso de juízes que tentaram, pela primeira vez, fazer justiça, libertaram o ladrão mitológico e uma série de outros corruptos graúdos. Para atender e libertar não só uma elite corrupta, mas adoçar também a psicopatologia da elite intelectual de artistas e jornalistas que têm um discurso de injustiçado para colar em seu ladrão de estimação. Com esta combinação da psique patológica da elite intelectual, com a satisfação da elite financeira e política e de um Judiciário invejoso e incompetente, fechamos a primeira e segunda parte da teoria da conspiração coletiva.

A última parte da paranoia é a venda — por estas mesmas elites moralmente corruptas e corrompidas — da tragédia do Covid-19 como obra e desgraça do presidente Bolsonaro, a quem chamam de genocida e ditatorial. Sob a vontade de um ato ditatorial do presidente, o Supremo perpetrou inúmeros atos de autoritarismo: cerceou seus poderes, proibiu-o de nomear subordinados, mostrou reunião privada, prendeu apoiadores por crime de opinião (sem processo ou julgamento), chamou-o de nazi-fascista e continuamente o responsabiliza pelas mortes na pandemia, com endosso da mídia e de intelectuais de esquerda e da direita liberal limpinha, que odeiam o presidente por seu discurso politicamente incorreto, que não se coaduna aos ditames do progressismo identitário. O presidente autoritário e genocida, por sua vez, fala em liberdades civis básicas, direito ao trabalho, direito de ir e vir em meio a medidas isolacionistas que, ao longo de um ano, não deram certo, arruinaram empregos e vidas. Toda a elite fica indignadíssima.

Em resposta, uma CPI vai apurar as responsabilidades do presidente, que teve suas responsabilidades tolhidas. O STF outorgou-as a prefeitos e governadores, que isolaram o trabalho e a liberdade, além de desviarem bilhões do dinheiro destinado a salvar vidas. O relator da CPI escolhido? Renan Calheiros, um dos mais notórios representantes do pântano do establishment corrupto brasileiro. Toda essa histeria é opressivamente, incessantemente vendida ao público por quase todos os meios de comunicação: “Bolsonaro assassino, Lula injustiçado, Lava Jato corrupta, isolacionismo que salva vidas”. Essa comunicação em massa de inversão da realidade começa a surtir efeito. Lula, o maior corrupto vivo da nação, aparece em primeiro lugar em pesquisas. Moro, o herói da Lava Jato, se cala por medo do Supremo Tribunal Inquisitorial, que massacra seu legado. O povo, trancado, apavorado por uma mídia que expõe a tragédia da Covid-19 e esconde a tragédia da fome e da miséria do isolacionismo, não reage, confuso. Bolsonaro reclama, mas por medo de parecer autoritário , deixa-se, progressivamente, tombar pelo autoritarismo dos que o querem derrubar. O Brasil vive a mais assombrosa inversão da realidade da história da sua psique coletiva. O Brasil está se convertendo em uma teoria da conspiração que está dando certo.

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