STF mente para perseguir o povo; Bolsonaro mente para colocar comida no prato do povo

Supremo tenta impor sua verdade única de que os milhões que foram às ruas gritar por liberdade incitam ódio; já o presidente apela para inverdade provisória para não matar população de fome e desemprego

  • Por Adrilles Jorge
  • 11/09/2021 10h00
André Ribeiro/Futura Press/Estadão Conteúdo - 07/09/2021 Um boneco de papelão de Bolsonaro em tamanho real decora a manifestação de 7 de setembro na Avenida Paulista Na Avenida Paulista, manifestação de 7 de setembro exaltou Bolsonaro e criticou o Supremo Tribunal Federal

A busca da verdade nunca foi a sustentação da democracia ou da política. Democracia é diálogo de percepções de mundo. Disputa de narrativas. Dois perigos: uma percepção perversa de mundo ser assimilada pelo povo e uma percepção perversa de mundo ser imposta ao povo. Uma Alemanha inteira que se convenceu das benesses do nazismo é o exemplo extremo do primeiro problema. Uma ideologia erguida por uma ditadura de uma cultura progressista, que toma conta da maioria do cenário cultural e judicial do pais, é o exemplo brasileiro do segundo. A ditadura progressista, casada com a oligarquia de uma elite que comanda o país com toques suaves, demoniza tanto o governo Bolsonaro como todo e qualquer seguidor, colocado como “antidemocrático” ou “disseminador de fake news”. A suposta verdade, segundo uma ideologia fechada, não admite contestação. A ditadura de uma única verdade, somada a interesses fisiológicos, oligárquicos e oportunistas, solapa a liberdade por dentro. Juízes que falam em liberdade e democracia perseguem a liberdade e a democracia no Brasil. Vivemos o maior e mais pérfido tipo de fascismo: aquele que se instaura — de cima para baixo — a partir de elites que ditam o que é ou não verdade. É a democracia sendo solapada pelos seus próprios guardiões em nome da defesa de uma verdade única.

Na data de 7 de setembro de 2021, vimos o maior movimento popular já registrado na história de nossa república contra esta tirania imposta de uma verdade única. A favor da liberdade constitucional de se expressar livremente, sem medo de ser preso. Liberdade de crítica acerba a ministros, políticos, ideias. O presidente Bolsonaro, acusado de projeto de ditador, sem jamais ter feito um único ato autoritário, acaba sendo o catalisador deste processo. Seus seguidores são presos, encarcerados, calados, perseguidos por inquéritos feitos em nome de crimes inexistentes como “fake news” e “atos antidemocráticos”. São as vítimas desta ditadura da verdade única tupiniquim. Uma coisa sempre amedrontou classes politicas: o povo na rua. Não mais. O STF, artífice da ditadura da verdade única, se lançou não só contra o presidente, mas contra o povo, mentindo. A multidão, segundo o presidente do STF, teria sido instilada por um ódio antidemocrático. Bolsonaro teria falado em fechar o Congresso. Mentira. A multidão de milhões foi às ruas levada por um sentimento de indignação com o roubo da liberdade feita por juízes que deveriam defendê-la. Bolsonaro jamais pensou em fechar o Supremo. Falou em cumprir a Constituição, coisa que o STF, repetidamente, não tem feito, ao perseguir, prender, calar e desmonetizar vozes dissonantes.

O presidente do STF, Luiz Fux, em seu discurso contra o presidente, mostrou todo o desprezo atávico de uma elite contra as aspirações populares. Esta elite não pode conceber que um povo fale por si mesmo. Durante séculos, milênios, uma elite intelectual e política sempre falou pelo povo. Com as redes sociais e instrumentos da globalização, o povo passou a falar por si mesmo. E o povo é, na sua esmagadora maioria, conservador, se considerarmos o conservadorismo como uma prática de preservação de pilares da cultura judaico-cristã e de avanços e progressos maduros baseados no que deu certo na história. O discurso de menosprezo de Fux enxerga uma população sem vontade própria, tutelada, manipulada aos milhões. Baseado em sua própria mentira, Fux enxerga os cidadãos manipulados por aquilo que ele sabe ser verdade: a que eles, do STF, esmagam paulatinamente a democracia e a liberdade. Este mesmo discurso de menosprezo ao povo foi visto na mais abjeta edição do “Jornal Nacional”, da Rede Globo. Willian Bonner proclamou, diante de dezenas de milhões nas ruas pedindo por liberdade, que esses manifestantes sujaram o verde-amarelo “em atos golpistas contra a democracia”.

A esquizofrenia é patente, clara, líquida. Multidões, milhões clamando por democracia, e juízes, os supostos representantes da democracia, atacando o próprio povo na rua, chamando-os de antidemocráticos. Dezenas de milhões gritando por democracia, e a maior emissora do país atacando, massacrando o próprio povo, como se fosse um povo antidemocrático. Nunca havia tido uma tão evidente revolta das elites contra o povo. Uma revolta baseada em narrativa falaciosa, numa mentira elementar: a de que o povo na rua, clamando por democracia, liberdade e respeito à Constituição, é antidemocrático. Tudo, no fim, para derrubar Bolsonaro, que representa, segundo o modelo progressista, a estética de um ditador. Diante de uma suposta estética ditatorial, fundam a ética ditatorial togada, com apoio da mídia.

Pressionado por esta elite, que tem menosprezo ao próprio povo e que imprimiu uma crise econômica sem precedentes, Bolsonaro foi obrigado a também mentir. Literalmente mentiu um pedido de desculpas em nome de uma provisória harmonia entre os Poderes. Com a economia em frangalhos, nascida de uma crise institucional causada pelo Supremo, o presidente se viu forçado a pedir desculpas a quem ofende a democracia. Mentiu em nome de estabilidade econômica, em nome de comida e trabalho para o trabalhador comum. A economia não está nem aí para a crise de liberdade. Mas, destroçada, ela significa menos comida e menos emprego. Claro que Bolsonaro mentiu um quase pedido de desculpas — em nome de comida no prato do brasileiro. E deixou claro: quem promove crise econômica e de liberdade é o STF. Resta ao tribunal parar com as perseguições ou seguir com seus desmandos. A segunda hipótese fará com que o presidente diga uma verdade que poderá massacrá-lo ou massacrará o próprio povo numa guerra civil.

A mentira para o jogo democrático e político pode ter uma eventual virtude. É impossível enfrentar todo uma tradição história de um sistema que sempre comandou a população. O povo começa a perceber que está sendo enganado por esta elite. Mas há uma enorme fatia, ainda sonolenta, para a verdade — e que se deixa levar por palavras de uma elite espúria tão bem representada pelas vozes de Fux e Willian Bonner. Bolsonaro mentiu pragmaticamente para sobreviver politicamente e para não matar o povo de fome, de desemprego. Este desprezo elitista pelo povo já havia sido projetado no isolamento social que proibiu pessoas de trabalharem, de caminharem, de respirarem para longe das máscaras de falsa ciência, que só salvou esta mesma elite que não precisava sair de casa para sobreviver.

Na última live da qual participou, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, artífice deste ativismo judicial iluminista que quer guiar ditatorialmente o povo ao “caminho da luz”, chamou Bolsonaro de mentiroso porque o presidente alertou e provou que as urnas eleitorais são violáveis. O TSE, em nome desta mentira, quer processar e cassar o presidente por ter dito a verdade. O STF cria projeto de “verdades do STF”. O “Ministério da Verdade” , composto por jornalistas frustrados e ideologizados, vai determinar o que pode ou não ser dito. Combinado com o inquérito das fake news, você poderá ser preso caso não diga a verdade imposta pelo Supremo.

O fenômeno da mentira progressista é mundial: por projeção estética do medo da aparência de uma ditadura, ou por oportunismo mesmo, criaram uma quase ditadura com aparência de democracia no Brasil. Pelo mesmo medo oportunista, elegeram um banana nos EUA que deixou um país à mercê de uma ditadura sangrenta. Aparências. Trump parecia autoritário; foi um pacificador. Biden parecia um pacifista conciliador; abandonou soldados e cidadãos ao massacre no Afeganistão. Bolsonaro parecia autoritário e só fala em liberdade e lei. O STF prende a liberdade e solta Lula, que fala em censurar mídia. Aparências.

Ministros se portam como se fossem políticos eleitos, falando no “desprezo ao presidente” pela crise econômica que eles forjaram. Nenhum juiz do Supremo foi eleito. Mas demonizam e perseguem movimentos populares, se dizendo representantes do povo que os critica. Quando criticados, se dizem representantes do povo, falando em criminalizar quem o povo elegeu. A única mentira real do presidente até agora foi de um pedido de desculpas a quem o persegue e massacra a população. Mentiu em nome da manutenção da sobrevivência do povo. É uma mentira provisória para salvar a longo prazo o clamor pela liberdade, que está sendo perseguida pelos ministros do Supremo Tribunal Inquisitorial. Mas até quando esta mentira pode subsistir, uma vez que os monstros que solapam a verdade não têm mais sequer respeito ao povo que perseguem e desprezam? O duelo de narrativas está posto. O duelo de mentiras diabólicas e virtuosas está posto. Uma verdade é certa: a liberdade no Brasil está em risco total e o culpado histórico desta verdade incontestável é o Supremo Tribunal Federal, que faz da mentira sua arma principal, falando em liberdade e democracia quando não fazem outra coisa senão perseguir a liberdade e democracia que dizem representar.

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