Roberto Jefferson começa a se defender com as armas que tem

Líder do PTB sempre defendeu Bolsonaro e até abriu as portas do partido para o presidente, mas o amor acabou e transformou-se numa grande mágoa que ele não esconde de ninguém

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 04/11/2021 11h53 - Atualizado em 04/11/2021 11h53
EDUARDO MATYSIAK/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Roberto Jefferson de terno sorrindo Roberto Jefferson está preso desde o dia 13 de agosto deste ano

Roberto Jefferson deve querer danar a vida de muita gente. Por sentir-se abandonado, vai partir para a delação premiada. É o que ele tem a dizer àqueles que o deixaram entregue à própria sorte. Doente, deprimido, preso, o presidente licenciado do PTB não esconde as mágoas que tem hoje do presidente Jair Bolsonaro. Afirma que o presidente não tem mais seu coração porque deixou de merecê-lo. Nisso, Bolsonaro se parece muito com Luiz Inácio da Silva, que costuma abandonar os companheiros que, por algum motivo, caem em desgraça. Passam a ser ignorados. É o que está acontecendo com Roberto Jefferson, preso desde o dia 13 de agosto, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, depois de muitas provocações e críticas contundentes ao Supremo em lives que realizava, mensagens antidemocráticas nas redes e acusado de pertencer a uma milícia digital. Chegou a posar em vídeos com armas pesadas, insultando os ministros do STF, mas sempre em defesa do governo Bolsonaro. O amor era tanto que Jefferson abriu as portas do PTB ao presidente, que ainda está sem partido. Mas o amor acabou. Transformou-se numa grande mágoa que ele agora não esconde de ninguém. Mágoa e desapontamento.

Jefferson já enviou vários recados ao Palácio do Planalto e nunca recebeu resposta nenhuma. Abandonado, Roberto Jefferson começa a se defender com as armas que tem. Os episódios que guarda na cabeça envolvendo muita gente. Começa por dizer que Bolsonaro e seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, se viciaram em dinheiro público fácil e que ao se aproximar de figuras do Centrão como Ciro Nogueira e Valdemar da Costa Neto, o presidente cercou-se de “viciados em roubar” e tornou-se um deles. Dentro do seu esquecimento, Jefferson observa que Bolsonaro tentou uma convivência impossível entre o bem e o mal. Ele acreditou nas facilidades do dinheiro público. Frase textual de Jefferson: “Esse vício é pior que o vício em êxtase. Quem faz sexo com êxtase tem o maior orgasmo e ejaculação que o corpo de Deus pode proporcionar. Gozou com êxtase, ficará dependente para sempre”. É isso que Jefferson diz hoje para situar Bolsonaro. Roberto Jefferson não fala mais em Bolsonaro no PTB. Pelo contrário. Não quer mais saber do presidente para nada, porque Bolsonaro a cada dia vem demostrando quem de fato é.

Jefferson agora quer que seu partido tenha candidato próprio à Presidência da República e pede que o PTB se aproxime do vice-presidente, o general Hamilton Mourão, para disputar a eleição em 2022. Roberto Jefferson continua com seu discurso, não mudou em nada. Lembra o que disse Bolsonaro no Sete de Setembro, em São Paulo, mas adianta que ele afrouxou quando o povo estava na rua. Por isso tudo, o coração de Roberto Jefferson já não pertence a Bolsonaro. O presidente do PTB assegura que hoje o presidente está cercado de forças satânicas que governam o país. Numa cela do Presídio Bangu 8, Jefferson dá a entender que o governo inteiro atualmente representa uma organização criminosa. Para piorar, a presidente em exercício do PTB, Graciela Nienov, afirma que o partido não pretende romper com Bolsonaro. Então Roberto Jefferson se sente traído de todos os lados. Mas continua pregando contra as instituições brasileiras. Seu parceiro Bolsonaro deixou de existir. Jefferson se queixa que Bolsonaro nunca fez um único gesto para defendê-lo. Mas Jefferson insiste em dizer que tem muitas histórias para contar, envolvendo gente importante, incluindo o presidente da República. E no inquérito que corre no STF, ele diz que está pronto para fazer uma delação premiada. E vai revelar muitas verdades constrangedoras de todos aqueles que o abandonaram.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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