Analiso a relação de nomes para vereador e não sei que rumo tomar; devo votar no Agenor Bisteca ou Kid Bengala?

Nessa procura incessante para cumprir meu dever cívico, me deparo com situações inesperadas como esta; acho que todos os candidatos merecem ser eleitos, sem exceção

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 20/10/2020 11h02
Fabio Rodrigues Pozzebon/Agência Brasil Urna eletrônica Só na cidade de São Paulo, são 1.985 candidatos a vereador, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral

Na eleição presidencial foi mais fácil. Para mim, particularmente. Diante das duas opções, fiz o que minha consciência mandou. Não anulei meu voto. Não. Eu me neguei a votar. E não votei. Também não justifiquei. Valeu o meu desencantamento. Mas, nas próximas eleições, eu queria votar especialmente para vereador. Eu estou escolhendo meu candidato a vereador em São Paulo entre o Agenor Bisteca, o Alemão do Açougue e Antonio Marcha Lenta. Mas, assistindo à propaganda política, outros nomes foram surgindo e criando em mim uma dúvida com a qual não sei lidar. Agora tenho na minha lista o Kid Bengala, o Popó do Cemitério e o Paulo Bosta. Entraram, também, o Luiz Coitado, o Xota, o Isaque do Tatuzinho e o Lucas Lima do Amor sem Fim. Analiso minha relação de nomes para vereador e não sei que rumo tomar. O eleitor, afinal, vai decidir o destino desta pobre cidade, sempre entre o abandono e o descaso de seus governantes. Tenho feito consultas para não desperdiçar meu voto.

Agora, surgiram outros candidatos para aumentar mais a minha dúvida em quem votar: o Abençoado da Bahia, o Amarelinho, o Batata, o Borracha e o Bananinha Maluco. Sem contar o Baiano Louco, o Cabra Bom e o Cachorro Amarelo. A vida de eleitor não é fácil, diante de tantas promessas de lutar pela justiça, de ajudar os mais necessitados, de cuidar dos postos de saúde da cidade. Fico na televisão o dia inteiro, vendo os candidatos a vereador fazendo suas promessas. Acredito que todos falam a verdade. Dizem o que querem fazer, se eleitos. Claro que, no cargo, as promessas feitas em campanha mudam completamente. A minha lista de candidatos a vereador é vasta, por isso este sofrimento diário pela escolha de um nome. Deixo de lado o Cachorro Amarelo? O Diretor Goiabinha? O Dr. Bactéria? E o que fazer com o Jorjão? E o Betão do Lava Rápido? O que fazer com o Dr. Manteiga? Voto ou não para a Tia Carmen, a Dona do Puteiro? Esqueço a Capitã Cloroquina?  E o que fazer com o Anão? É um horror. Não sei mesmo como será no dia da eleição, com essa relação de candidatos a vereador. Vejo nome de outras cidades para me amparar e tentar me situar melhor diante de uma questão crucial como esta. O futuro da cidade. Sim, o futuro da cidade está nas mãos dos candidatos e nas mãos dos eleitores, como eu, que não sabem o que fazer da vida. E nessa procura incessante para cumprir meu dever cívico, me deparo com situações inesperadas. Eu disse “dever cívico”? Acho que estou louco mesmo!

E nessa loucura, anoto o nome do Homem da Moto, do Zecão Doceiro do Patrão e do Zé do Bode. E tem ainda o Billaw, o M… e o Xoxota. Anoto seus números, partidos, estudo as propostas, discuto comigo mesmo e não chego a lugar nenhum. E tem ainda o Piroca. O que fazer com o Piroca? Para o trabalho que fazem os vereadores de São Paulo, acho que o nome vem a calhar, como se diz em Portugal. É uma eleição com candidaturas de padres,  pastores, bispos, bombeiros, motoboys, coronéis, sargentos, tenentes, capitães, policiais, corretores e até um repórter que deve estar enlouquecido em alguma esquina. Há muitos Doutores e Doutoras, que, como eles dizem na televisão, trabalharam a vida inteira pela cidade e pelo país. Só na cidade de São Paulo, são 1.985 candidatos a vereador, incluindo os que citei, com dados do Tribunal Regional Eleitoral. Serão eleitos 55 vereadores para a Câmara Municipal de São Paulo, com um salário atual de R$ 19 mil e mais um grande número de auxiliares, ajudas, auxílios, carro, combustível e outras vantagens e que simples mortais não têm. Não sei mesmo o que fazer com tantos nomes ilustres que desejam um lugarzinho na Câmara Municipal da cidade. Tenho certeza que são nobres brasileiros que desejam participar da vida pública trabalhando com afinco pelo bem do povo. Tenho certeza. Com tantos nomes, tenho que escolher apenas um. Não é justo. Eu acho que todos eles merecem ser eleitos. Todos eles. E diante de tantos nomes, ocorreu-me o seguinte: e se o candidato M… escolheu esse nome como forma de protesto? Sendo assim, estou com ele. Então decidi que vou mesmo votar no M… Afinal, é tudo a mesma coisa.

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