Bivar, o pré-candidato de mentirinha, entra na corrida eleitoral fazendo piada, mas já está pronto para sair

Após abandonar terceira via, ‘dono’ do União Brasil já indicou que aceita ser vice de um nome mais consistente e pode direcionar sua campanha em favor de Jair Bolsonaro

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 01/06/2022 12h34
Wilton Junior/Estadão Conteúdo - 31/05/2022 Luciano Bicar de terno, gravata e braços abertos, sorrindo, durante o lançamento de sua pré-candidatura Luciano Bivar fez comparação entre penicilina e Viagra no lançamento de sua pré-candidatura à Presidência

Entrou mais um na fila do gargarejo da pré-candidatura à Presidência da República. No fundo, é uma pré-candidatura de mentirinha, já que o senhor candidato poderá, mais adiante, aceitar ser vice de um nome mais consistente, no qual se possa acreditar um pouco. Só um pouco, já que atualmente não dá para acreditar em quase ninguém. O novo coadjuvante chama-se Luciano Bivar, presidente e uma espécie de dono do União Brasil, atualmente o partido mais rico do país. Tem dinheiro a esbanjar. O União fazia parte dos partidos que desejavam uma terceira via, que se arrasta por aí sem saber aonde quer chegar. Bivar de repente saiu do grupo da terceira via e lançou-se ele mesmo candidato. A cerimônia de lançamento do nome do novo patriota foi realizada na noite desta terça-feira, 31, no Centro das Convenções Ulisses Guimarães, em Brasília. O União Brasil é resultado da fusão do PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu presidente, em 2018, e o DEM

Para se ter uma ideia do que o União Brasil pode fazer durante a campanha, basta dizer que o partido dispõe de cerca de R$ 1 bilhão para gastar. Não é à toa que o presidente Jair Bolsonaro anda fazendo declarações de amor à legenda. Fora Bolsonaro, há ainda a sombra do ex-juiz Sergio Moro, que está na espera. Luciano Bivar sabe que sua candidatura (ou pré-candidatura, seja lá o que for) é uma observação, para ver o que vai acontecer mais adiante e, assim, definir o seu futuro. Foi uma cerimônia meio engraçada, porque faltou energia elétrica três vezes, paralisando festa. A presidente do União Brasil Mulher foi interrompida duas vezes por falhas no telão, no sistema de áudio e nas luzes cenográficas. Foi divertido. 

Luciano Bivar foi aconselhado a falar logo, antes que a luz faltasse de vez. E ele começou seu discurso dizendo que a hora é do União Brasil. Não é a hora da esquerda nem da direita. O deputado federal afirmou que seria uma covardia um partido tão grande como o UB não ter uma chapa pura, principalmente diante de uma sociedade que clama por mudanças e chora sem esperança. “O país vive sob a ameaça do retrocesso ou de um golpe”, disse ele, como um paladino da democracia brasileira. Se for eleito, Bivar prometeu que criará o imposto único no país, para ele o mais justo: quem ganha menos paga menos, quem ganha mais paga mais. Trabalhadores que recebem até R$ 6 mil não terão desconto na folha. Ele se estendeu no tema e disse uma frase antológica, ridícula e constrangedora, tudo ao mesmo tempo, para explicar a cobrança digital do imposto, que para ele é uma dádiva da modernidade: “Negar isso é como se não usássemos a penicilina no início do século 20, ou se os velhinhos ousados de hoje não pudessem usar o Viagra“, comparou, como se estivesse num parque de diversões.

Luciano Bivar já disputou a Presidência em 2006, quando ficou em último lugar. Depois, foi candidato a suplente de deputado federal por Pernambuco e assumiu em 2017. Ele liberou os nomes do seu partido a votarem nos adversários. E ele mesmo vai direcionar sua campanha em favor do presidente Bolsonaro. Foi por esse motivo que abandou o projeto da terceira via. A Bolsonaro não interessa uma terceira via forte. Bivar está com os pés em duas canoas. Uma delas vai afundar, mas muitas vezes afundam as duas. Não se pode mesmo levar tudo isso a sério. O que não falta é candidato. Deve ser bom ser presidente do Brasil. Luciano Bivar entrou na brincadeira.

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