Bolsonaro diz chorar no banheiro, resta saber se as lágrimas são de tristeza ou de desgosto

Presidente citou as dificuldades em exercer sua função e ainda afirmou que nem a primeira-dama tinha conhecimento dessa situação

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 18/10/2021 10h46 - Atualizado em 18/10/2021 15h13
Alan Santos/PR Jair Bolsonaro e Michelle saindo do avião em Nova York Em discurso na última quinta-feira, o presidente afirmou que chora sozinho no banheiro e que nem Michelle sabia

O presidente Bolsonaro chora sozinho no banheiro pelas decisões que tem que tomar e que possam causar sofrimento à população. Pelo menos é o que ele diz. Sofre pelo povo. Ninguém sabia disso, nem a primeira-dama Michelle. O presidente se tranca no banheiro e chora suas lágrimas amargas. Ele afirma ser de amor ao Brasil, mas essas lágrimas estariam mais para remorso pelo que fez durante os 3 anos de mandato que já passaram? Só pode ser. Insensível como sempre se mostrou, especialmente na pandemia, Bolsonaro não choraria por um motivo qualquer, seja qual for. A confissão foi feita na quinta-feira,14, num culto evangélico em Brasília. O presidente fez um discurso e em certo momento não suportou a amargura que o acomete. Citou as dificuldades que tem em ser o presidente da República. E chorou. O presidente chorou. Quem pode imaginar aquele super-super-homem chorando. Afirmou que tudo que acontece de ruim no país cai nas costas dele. Disse que lamenta as 600 mil vidas perdidas para a Covid-19, mas não perdeu a oportunidade de falar que foi corajoso ao defender uma alternativa para enfrentar a doença, alternativa que o mundo inteiro ignorou. Só ele defendeu, a ponto de levar o assunto à Assembleia Geral da ONU, quando discursou, para o espanto de todos.

No culto em Brasília, o presidente perguntou com a voz embargada: Quantas vezes choro sozinho no banheiro em casa? Nem a Michelle sabia. Conforme disse, a primeira-dama sempre achou que Bolsonaro é o machão dos machões. Observou que Michelle tem razão porque está baseada no seu comportamento. Enquanto as pessoas morriam aos milhares, ele passeava de moto em várias regiões do Brasil, sempre rindo e acima de todos os males. Mais eis agora o machão dos machões presidente do Brasil dizendo que chora sozinho no banheiro. Que tristeza! Mas não tem jeito: no seu discurso durante o culto, Bolsonaro voltou a criticar as medidas restritivas decretadas por prefeitos e governadores, afirmando que as medidas de restrição representavam viver num regime de exceção. Por isso, acha que sempre agiu certo. Ele queria todo mundo na rua. Claro que esse “todo mundo na rua” significaria todo mundo doente com os hospitais repletos de gente que morreria no mesmo dia.

O presidente pode chorar sozinho no banheiro, mas ele não dá a mão à palmatória. Revela que tem razão em tudo. O mundo está errado. Só ele está certo no combate à Covid-19. Esclareceu que sempre sabe o que fazer, sempre. E não erra. Lembrou que agora as críticas são cada vez mais duras por causa dos aumentos quase diários no preço dos combustíveis. Por isso, para não ser criticado como é, está estudando privatizar a Petrobras. Observou que todas as suas decisões afetam a população. É uma carga muito pesada. Por isso teve a coragem de indicar um medicamento para combater a Covid, dizendo que se for infectado novamente, voltará a tomar novamente a cloroquina, observando que a palavra final é do médico, não de jornalistas que se metem a criticar tudo. Pois é, o presidente chora sozinho no banheiro. Tadinho do presidente! As lágrimas escorrem e ele sofre ali escondido da família, chorando copiosamente pelos que morreram e pelas dificuldades que enfrenta para governar o país. Como se vê, é um homem que tem coração. Quem diria que Bolsonaro tem coração? Mas é preciso saber se essas lágrimas são de desgostos por tudo que tem feito no país tratado só com descasos e até deboches, especialmente no que diz respeito à doença. O presidente chora, e daí? Não vai acontecer nada. Ele continuará chorando e a primeira-dama Michelle nem vai saber. Machão que é machão de verdade não reclama de nada.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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