Clima no PDT refrescou após mudança de votos em PEC, mas dissidentes ainda querem desgastar Ciro Gomes

Ex-governador do Ceará esperou a poeira baixar e, claro, voltou a ser pré-candidato à Presidência, mas terá que brigar muito dentro e fora do partido, que parece não se entender

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 12/11/2021 12h43 - Atualizado em 12/11/2021 12h59
Renato S. Cerqueira/Estadão Conteúdo - 2/10/2018 O político Ciro Gomes de lado usando camiseta azul Ciro Gomes ficou insatisfeito com os pedetistas que votaram a favor da PEC dos Precatórios e ameaçou abandonar candidatura às eleições 2022

Como sempre, Ciro Gomes (PDT) esbravejou, mas voltou ao normal. Esbraveja, xinga, tem alucinações, mas depois acalma. Ele voltou a ser candidato à Presidência. De alguma maneira, Ciro Gomes conseguiu resgatar uma parte dos votos que o partido deu ao governo para aprovar a PEC dos Precatórios na primeira votação, quando 15 parlamentares do PDT votaram a favor. Ciro ficou louco. Deu até socos na parede. E informou que não era mais pré-candidato do PDT à Presidência da República. Mandou tudo para o inferno. E disse que só mudaria a decisão se o partido revertesse sua posição. Reverteu um pouco. Nesta segunda votação, na terça-feira, 9, em vez de 15 parlamentares do partido, apenas 5 confirmaram seu voto inicial em favor do governo. Refrescou um pouco. Mas só um pouco.

Na terça-feira, 9, Ciro gravou um vídeo nas redes sociais para agradecer aos deputados do PDT que reverteram o voto. Mas não informou se voltaria à condição de pré-candidato do partido à Presidência da República. Ainda estava ressentido. Especialmente com os 5 que confirmaram seu voto ao governo. No vídeo, Ciro Gomes informou que os dias têm sido de muita tensão no partido. De qualquer maneira, disse que a bancada federal do PDT, sob a liderança do presidente Carlos Luppi, deu uma prova de coragem, maturidade e independência. Por isso tinha a agradecer aos deputados que mudaram seu voto na segunda votação da PEC. Não afirmou nenhuma vez que voltaria a ser o candidato do partido, mas já no vídeo deixou claro que sim, pelo tom de voz que usou e pelas críticas que fez aos adversários da eleição de 2022. “Não vou compactuar com bandidos ou falsos mocinhos”, disse ele, observando que seu compromisso é com o futuro do Brasil.

A verdade é que dissidentes do PDT divergem de Ciro Gomes e não o aceitam como o candidato ao Palácio do Planalto. Não adiantou muito o presidente do partido, Carlos Luppi, marcar uma reunião com os parlamentares do partido na terça-feira, 9, a fim de encontrar uma posição definitiva em relação ao governo. É verdade que a maioria atendeu, 10 deputados, mas os outros 5 ficaram firmes na sua posição de apoiar Bolsonaro, exatamente o que contraria Ciro Gomes. Em vez de dizer que voltaria à condição de pré-candidato, Ciro Gomes adiantou que ia esperar a poeira baixar. E a poeira já baixou. Ciro voltou a dizer que Bolsonaro e sua turma estão usando o auxílio emergencial como desculpa para aumentar a maior roubalheira da história. Afirma que a tal “PEC do calote” representa um cheque em branco para o assalto e a isso o PDT dirá sempre não.

Seja como for, os dissidentes vão continuar a azucrinar a cabeça de Ciro Gomes. Querem mesmo é desgastar Ciro sem medir as consequências dentro do partido. Já Ciro afirma que vai pagar para ver. E continuará na sua postura. Conseguiu reverter em parte os votos dados ao governo, mas sentiu que alguns parlamentares do partido querem distância dele. Isso vai longe. Ciro Gomes costuma ver fantasmas em todo lugar. E todos os fantasmas são inimigos, não adversários. Esperou a poeira baixar e, claro, voltou a ser pré-candidato à Presidência, mas terá que brigar muito dentro e fora do PDT, um partido que parece não se entender. Ciro não entende parte do partido e parte do partido não entende Ciro. Mas continuam juntos. Por isso que o amor é lindo.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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