CPI é um circo, mas Ricardo Barros se portou como se fosse um santo sendo massacrado

Apenas dois ou três senadores se salvam na comissão; líder do governo prestou depoimento como convidado, mas foi com as pedras nas mãos porque queria tumultuar

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 13/08/2021 13h10
Jefferson Rudy/Agência Senado Bancada da CPI da Covid-19 durante oitiva do deputado Ricardo Barros Depoimento de Ricardo Barros à CPI da Covid-19 foi encerrado após bate-boca

Por si só, a CPI da Covid é uma aberração. Um aglomerado de gente fora do prumo. Eu queria dizer, na verdade, de gente que não vale nada. Mas deixo para outra ocasião. Ali salvam-se apenas dois ou três. Somente isso. Nesta quinta-feira, 12, a CPI explodiu. Um tumulto digno do que ela mesma é. O depoente da vez foi o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP), que mentiu até dizer chega. Tinha explicação para tudo. O problema começou quando o líder do governo começou a criticar a CPI, observando que ela presta um desserviço ao país, porque os laboratórios interessados em vender vacina ao Brasil estão se afastando por causa dos trabalhos da comissão. Foi uma bomba que explodiu no recinto. Todos os deputados da oposição começaram a gritar. Ricardo Barros compareceu à CPI como convidado, mas foi com as pedras nas mãos. Seu objetivo era esse mesmo, tumultuar. E conseguiu. Deu a impressão que era um santo que estava ali sendo massacrado. Ricardo Barros é santo? Não, não é e nunca será.

A sugestão para acabar com a sessão foi do senador Alessandro Vieira (Cidadania), dizendo que a CPI representava um momento grave da vida brasileira que não comportava molecagem. O senador está correto. Molecagem é para outras desgraças. O senador Alessandro Vieira é santo? Não, não é santo. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD), aceitou a sugestão e encerrou a gritaria e insultos de todos os lados, dizendo que o líder do governo voltará à CPI, mas não como convidado e sim como convocado. Que diferença faz? Nenhuma. Aziz afirmou que o grand finale de Ricardo Barros foi dizer que a CPI está atrapalhando o governo na compra de vacinas. Observou que o governo não vai conseguir destruir a CPI como deseja. Omar Aziz é santo? Não, não é santo. Nunca será. Já o vice-presidente da Comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede), disse que Ricardo Barros é “um cara de pau atroz”, porque sempre se mostrou contra a vacina em defesa dos medicamentos de Bolsonaro. E disse que a CPI atrapalhou, sim, mas os negócios irregulares do governo com as empresas Davati e Precisa. Randolfe Rodrigues é santo? Não, não é santo. O relator Renan Calheiros, aquele, afirmou que Ricardo Barros mentiu sistematicamente. Mentiu em tudo. Do começo ao fim. Renan Calheiros é santo? Não, não é.

O senador Humberto Costa (PT) também criticou duramente o depoente, adiantando que quando ele voltar à CPI como convocado, as coisas serão diferentes, porque os senadores da oposição terão mais informações sobre ele e seus negócios com o governo no caso das vacinas. De acordo com Humberto Costa, na próxima vez Ricardo Barros “sifu”. Humberto Costa é santo? Não, não é. Nunca será, especialmente sendo integrante do partido que afundou o Brasil. E os senadores governistas que gritavam em favor de Barros? Eles são santos? Não, não são santos. Também mentem o tempo todo, descaradamente, na tentativa de justificar fatos inexplicáveis, fazendo defesas vergonhosas de verdadeiros bandidos. Aquilo é uma verdadeira arruaça. Gente séria não entra nisso. E falta gente séria no país. Então vai esse lixo para lá. Salvam-se apenas dois ou três. O resto é isso que se viu nesta quinta-feira, 12. Juntando governistas e oposição, é tudo a mesma coisa. Não muda nada. São todos iguais. Figuras que este país um dia haverá de ter condições de afastar. A CPI é mesmo um circo caindo aos pedaços com gente em busca de um holofote brilhando em suas cabeças. Tanto os defensores do governo como os da oposição. E muitas dessas figuras, num país civilizado, estariam na cadeia, não fazendo discursos como se fossem heróis. Pobre país entregue às mãos dos bandidos.

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