Julgamento de ex-guarda nazista aos 100 anos mostra que a conta um dia chega

Homem, que não teve o nome divulgado por questões legais, vai enfrentar processo a partir de outubro e deverá comparecer às sessões da corte na Alemanha

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 05/08/2021 12h43
Mendeztrives/Wikimedia Commons fachada do campo de concentração nazista de Sachsenhausen Denúncia contra ex-guarda foi apresentada em fevereiro deste ano

A história da humanidade está repleta de episódios dos mais sangrentos e perversos. Em nome de Deus, por exemplo, até hoje, cometem-se os crimes mais cruéis. E isso vale também para a ideologia. Nem sempre os grandes déspotas do mundo foram punidos. Mas existem crimes que se tornam repulsivos para sempre. Caso do genocídio, por exemplo. O crime de genocídio não prescreve. E não pode ter perdão. O julgamento pode demorar, mas um dia chega. Seja quando for, o genocida um dia vai responder pelos seus crimes. É o que está ocorrendo com um homem de 100 anos que atuou como guarda do campo de concentração nazista Sachsenhausen, na Alemanha. Seu nome não foi divulgado por questões legais. É acusado de ter sido cúmplice na morte de milhares de pessoas. De acordo com o jornal alemão Welt na edição do último domingo, 1º, o processo será iniciado em outubro. Tem 100 anos de idade, mas a História não perdoa. Ele terá de comparecer às sessões na corte distrital da cidade de Neuruppin, no Estado de Brandenburgo.

O advogado Thomas Walther, que atua em processos contra nazistas, afirma que o julgamento é necessário, mesmo 76 anos após o fim da Segunda Guerra. Diz que Sachsenhausen foi o cenário para a liderança nazista e sua ilusão sobre a vida e a morte. O advogado informa que muitos com essa mesma idade ainda serão julgados. A denúncia foi apresentada em fevereiro deste ano e lembra que o ex-guarda do campo de concentração agiu material e intencionalmente para os assassinatos entre 1942 e 1945. O campo de concentração ao qual servia, construído em 1936, se tornou conhecido por ter sido o palco das primeiras experiências de assassinato em massa de prisioneiros em câmera de gás.

Documentos estimam que até 1945, mais 200 mil prisioneiros tenham sido enviados à força para o campo de extermínio. Os prisioneiros eram mortos por asfixia provocada pela emissão de gases e também por fuzilamento. Ou baleados quando se negavam a entrar na câmera de gás. Essa barbaridade não foi esquecida, não será nunca. É uma das manchas mais sangrentas da história da humanidade, por isso não existe perdão. Seja quando for, os envolvidos serão julgados, como esse ex-guarda do campo de concentração de Sachsenhausen, agora com 100 anos de idade. Não pode ter perdão mesmo. Não podem esses assassinos históricos escaparem da justiça. O crime de genocídio é bárbaro. Sempre praticado por tiranos dos mais sangrentos que se julgam dono de todas as verdades. Os genocidas um dia responderão por seus crimes. Tem que ser assim. 

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