Possível prorrogação do auxílio mostra que governo entendeu a gravidade da pandemia

Para quem não tem nada, a prorrogação do auxílio emergencial significa o amparo que o povo merece do seu governo, em vez do abandono perverso que já se tornou rotina

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 13/11/2020 10h42
Wilson Dias/Agência Brasil Ministro da Economia em evento público Medida foi dita por Paulo Guedes em evento online; prorrogação pode ocorrer em caso de segunda onda do coronavírus

A seguir o que ocorre especialmente em países europeus e nos Estados Unidos, uma segunda onda da pandemia é dada como certa, e isso deverá atingir o Brasil também, que já conta com mais de 160 mil mortos. Trata-se de um mal anunciado. E diante desse cenário, o presidente Bolsonaro decidiu que, se houver uma segunda onda da doença no Brasil, o auxílio emergencial será prorrogado, para evitar o caos que pode se instalar no país, provocando situações dolorosas que atingem principalmente os mais desfavorecidos. Com essa medida decidida, Bolsonaro desistiu de criar o programa social Renda Cidadã, que tantas discussões causou no governo, principalmente na área econômica. “De onde tirar o dinheiro?”, perguntava-se. Até agora ninguém respondeu. Bolsonaro preferiu, então, manter o Bolsa Família, que hoje beneficia mais de 14 milhões de famílias.

A ideia é manter o Bolsa Família, mas o programa será reformulado com a inclusão de mais pessoas que necessitam de assistência. As famílias que vivem em extrema pobreza somam um número assustador, de acordo com dados do IBGE. São bolsões de plena miséria que engolem famílias que não têm a quem recorrer. Bolsonaro não pensa em renovar o auxílio emergencial, de R$ 300, que terminará em dezembro. Mas o presidente entende que pelo menos 3 milhões de famílias necessitam desse auxílio e vão recebê-lo a partir de janeiro de 2021. Por causa da pandemia, até o final do ano, o governo terá gastado R$ 600 bilhões para auxiliar os desassistidos, ao mesmo tempo combatendo os efeitos da doença no emprego e na renda, atendendo 67 milhões de pessoas.

Para 2021, o Bolsa Família contará com um orçamento de R$ 34,8 bilhões. Mas o governo pensa em aumentar essa verba para dar atendimento a um contingente maior de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. Essas famílias já estão sendo identificadas por técnicos do governo em várias regiões brasileiras. Um trabalho que percorre pequenos vilarejos do país, onde reina a fome. Nesta quinta-feira, 12, o ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou que se houver uma segunda onda do vírus no Brasil, o auxílio emergencial será prorrogado. O ministro acentua que isso é uma certeza garantida pelo presidente. Há mesmo possibilidade de prorrogar o auxílio emergencial numa segunda onda do vírus? Paulo Guedes responde: “Não é uma possibilidade, é uma certeza. O governo terá de reagir.”

Um em cada cinco brasileiros mora numa habitação precária feita de madeira, papelão e plástico, geralmente sem banheiro. Há habitações em que dormem juntas até 4 ou 5 pessoas no mesmo cômodo. São essas pessoas que passarão a integrar o novo Bolsa Família. Levantamento divulgado pelo IBGE nesta quinta-feira, 12, revela que o Brasil não conseguiu diminuir o número de famílias que vivem em extrema pobreza em 2019. Isso significa cerca de 14 milhões de pessoas extremamente pobres. Some-se a isso os quase 14 milhões de desempregados. Trata-se, sim, de uma situação dramática, números duros para um país que almeja uma assistência social que possa atender os que necessitam de ajuda para viver com um mínimo de dignidade.

O ministro da Economia observa que, diante desse quadro, prorrogar o auxílio emergencial numa segunda onda da pandemia será uma forma de reagir. O país precisa reagir. Uma medida do governo que deve merecer todo o apoio da sociedade. Tamanho contingente de pessoas não pode ser desamparado num momento crítico, esquecido à própria sorte. A decisão é necessária. E representa que o governo compreendeu a gravidade dessa questão, mesmo num momento de crise e dificuldades que se somam a cada dia. Infelizmente, pelas notícias que correm o mundo, essa segunda onda do vírus será inevitável. Para essas pessoas que não têm nada, a prorrogação do auxílio emergencial significa o amparo que o povo merece do seu governo, em vez do abandono perverso que já tornou uma rotina. Não pode ser assim. E no caso de o Brasil não ser atingido por essa segunda onda, o programa Bolsa Família será mantido, mas reformulado, integrando mais famílias e com um valor maior. É torcer para que seja assim. Pobre de espírito é o governante que não atende aos anseios do seu povo.

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