Problemas entre Doria e PSDB ainda não chegaram ao fim

Ex-governador deve anunciar seu futuro político na próxima quinta-feira; convém lembrar que ele se despediu de seus correligionários pelas redes sociais dizendo ‘até breve’

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 07/06/2022 14h03
ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 23.mai.2022 Doria une as mãos em sinal de prece ao anunciar a desistência da pré-candidatura à Presidência Ex-governador de São Paulo desistiu de sua candidatura à Presidência no dia 23 de maio

Os problemas entre o ex-governador paulista João Doria e o PSDB ainda não chegaram ao fim. Pelo contrário: a situação está fervendo. Bem ou mal, Doria tem muitos aliados no partido que não se conformam com sua renúncia forçada. Afirmam que o ex-governador foi encostado na parede e não lhe restou outra alternativa senão desistir de sua pré-candidatura à Presidência da República. Depois da renúncia, João Doria decidiu viajar para os Estados Unidos, onde foi espairecer. Já está de volta, e falará sobre seu destino político na quinta-feira, 9. O PSDB está apreensivo. Convém lembrar que depois de toda a história, Doria se despediu de seus correligionários pelas redes sociais dizendo “até breve”, observando que estará sempre à disposição “de lutar a guerra quando for chamado”. 

Vários dirigentes do PSDB dizem que essas palavras significam que o recuo de Doria foi estratégico. Ele ainda está aí. No páreo. Muita coisa está em jogo. Doria poderá anunciar seu desligamento do PSDB, já que tem convite de vários partidos. Uma coisa é certa: João Doria vai acompanhar de perto a trajetória da senadora Simone Tebet (MDB), desesperada para ser a candidata da terceira via. Se Simone não decolar nas pesquisas, Doria vai movimentar suas peças. Nesse caso, ele conta com a desistência do PSDB em apoiar a senadora e ter candidato próprio. E nessa muvuca toda, tem ainda uma ala do PSDB que deseja ressuscitar a candidatura do ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Mas, nesse caso, muita gente na legenda afirma que o nome de preferência tem de ser de João Doria, que venceu as prévias no partido.

O maior problema de Doria são as desavenças que ele arrumou dentro do PSDB e também a falta de apoio político, especialmente da cúpula tucana em São Paulo. Mas lá no fundo da sala alguns dizem que João Doria poderá permanecer no PSDB e ser candidato a senador ou à Câmara Federal. Ele seria um puxador de votos, fortalecendo a bancada do PSDB na Câmara e no Senado. No entanto, pessoas próximas a Doria garantem que depois de ser prefeito e governador, dificilmente ele aceitará disputar uma eleição proporcional. Afirmam ainda que Doria se empenhará na eleição do atual governador Rodrigo Garcia (PSDB), que foi seu vice no Palácio dos Bandeirantes. Mas o que se sabe é que Rodrigo Garcia quer evitar o apoio de Doria, por conta de sua rejeição em São Paulo.

Tanto que Garcia diz sempre não ser candidato de ninguém. Mas também afirma que sempre defenderá o legado de Doria, do qual faz parte. É uma situação confusa. No PSDB há os que afirmam que o excesso de marketing prejudicou o ex-governador. Doria é também acusado de passar o trator em cima de todo mundo, sem respeitar nada nem ninguém. E também colocaram na sua biografia a alcunha de “traidor”, lembrando a figura do ex-governador hoje vice de Lula, Geraldo Alckmin e, ainda, Bolsonaro, em quem Doria se enganchou para se eleger. Não é fácil. Na quinta-feira, 9, tudo será esclarecido de maneira civilizada. Pelo menos é o que dizem alguns. Só alguns. O que dizem quase todos, na verdade, que toda essa história significa o PSDB a caminho de seu fim.

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