Se o presidente diz que tudo está nas mãos de Deus, então é melhor rezar

Brasil a caminho de seu grande destino, mas é preciso saber se Deus está à disposição para salvar o país desse poço em que foi jogado, a começar pelos governos do famigerado PT

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 30/05/2022 13h32
Foto: Alan Santos/PR Presidente Jair Bolsonaro (PL) Presidente afirmou, mais uma vez, que 'só Deus' o tira da Presidência da República

O presidente Jair Bolsonaro confessa que não sabe como enfrentar a crise econômica do país, com a inflação crescendo cada vez mais, o preço dos combustíveis e o desemprego. Sendo assim, ele afirma que entrega tudo nas mãos de Deus e que a saída “é ter fé, resiliência e coragem”. E acrescenta ser preciso acreditar. Nos últimos dias, o presidente vem evocando a presença de Deus para curar os traumas brasileiros. Entregar tudo nas mãos de Deus? Como assim? A declaração foi feita na sexta-feira, 27, na Convenção de Pastores da Assembleia de Deus do Ministério de Madureira, em Goiânia. Há alguns dias, Bolsonaro voltou a dizer que só Deus o tirará da cadeira de Presidente da República. Ninguém mais. Repetiu sua crença em discurso que fez na “Marcha para Jesus”, em Curitiba. Bolsonaro parece estar no Brasil inteiro, em 3, 4 lugares ao mesmo tempo. Aproveitou a “Marcha para Jesus” para se aproximar mais dos evangélicos, especialmente grande parte das mulheres evangélicas que deixaram de aceitar algumas de suas atitudes. Num discurso repleto de citações bíblicas, Bolsonaro lembrou das obras de seu governo e também dos desafetos que arrumou na vida errante que leva. Então, tudo indica que já está combinado: só Deus tirará Bolsonaro do Palácio do Planalto. E caberá a Deus resolver os graves problemas atuais do Brasil.

Essa conversa já encheu. É sempre a mesma coisa. O presidente Jair Bolsonaro é aquele indivíduo que, de repente, começa a ver assombração em tudo. Então vem aquela conversa que ninguém aguenta mais. Melhor dizendo: tem gente que gosta e até quer ver o circo pegar fogo. E Bolsonaro é o primeiro dessa lista. A ordem continua sendo desmoralizar o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral. Consequentemente, desmoralizar as próprias eleições de outubro. Se é que vai haver eleição. Ainda não se sabe com certeza. A cada dia surge uma nova desavença e assim o país vai caminhando aos tropeços. Mais uma vez, outra vez, mais uma vez que Bolsonaro afirma que as Forças Armadas foram convidadas a participar do processo eleitoral e que não vão apenas servir de moldura seja para quem for. Não dá mais para suportar essa conversa. O país merece coisa melhor. 

Bolsonaro começa agora a bater em outra tecla, afirmando que há em Brasília pessoas que saem das quatro linhas da Constituição para tumultuar o que vem acontecendo no Brasil. De alguma maneira, os militares participam dessa bagaça, integrando a Comissão de Transparência Eleitoral para apresentar sugestões. E ponto final. Mas Bolsonaro não se conforma. Ele quer os militares lá dentro da votação, até com tanque de guerra com fumacinha preta saindo pelo rabo. O presidente continua utilizando alguns questionamentos dos militares ao TSE para criar suspeitas no processo eleitoral. 

 O presidente aproveita todas as oportunidades que vê pela frente para criticar o TSE, como fez, por exemplo, em Campos do Jordão, em São Paulo, onde participou da Convenção Nacional do Comércio Lojista. Ao discursar nesse evento voltou à ladainha, dizendo que o Brasil quer eleições limpas, transparentes, com o voto auditável. Falando num tom acima do normal, afirmou que as Forças Armadas não estão interferindo no processo e que “ninguém quer impor nada, ninguém quer atacar as urnas, atacar a democracia, nada disso”. Acrescentou:  “Pelo amor de Deus! Eleições limpas e transparentes é questão de segurança nacional”. 

O ministro presidente do TSE, Edson Fachin respondeu na hora, ao falar no Congresso Brasileiro de Magistrados, em Salvador, Bahia, dizendo que o Brasil tem hoje “ilícitos indutores de regressos institucionais” que colocam a democracia em risco. Fachin não citou Bolsonaro. É uma discussão feita pela imprensa. Fachin observou que alguns dizem que ele fala de fantasmas, mas que “a violência tem gênero e grau e a violência no Brasil é trágica”. Concluiu dizendo que a desinformação tem nome e origem e não é um fantasma”. 

Na verdade, é o Brasil a caminho de seu grande destino. Mas é preciso saber se Deus está à disposição para salvar o país desse poço em que foi jogado, a começar pelos governos do famigerado PT. O que não pode é um presidente da República dizer que está tudo nas mãos de Deus. Isso é admitir a falha, é admitir a má administração, é admitir que só fez bobagem no governo. Pelo que se compreende, o melhor é rezar.

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