Augusto Nunes: Pedido de desculpas de Daniel Silveira deixa claro que deputado não ameaça democracia

Comentarista do programa ‘Os Pingos nos Is’ acredita que colegas que votaram pela manutenção da prisão de Daniel Silveira podem ser réus no futuro ‘nas mãos do STF’

  • Por Jovem Pan
  • 19/02/2021 19h56 - Atualizado em 19/02/2021 20h12
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo/19.02.2021 Fotografia de um telão à distância mostrando o rosto de um homem de cabelo raspado e camisa preta Prisão em flagrante de Silveira foi chancelada pela Câmara

O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) afirmou em videoconferência com membros da Câmara dos Deputados na tarde desta sexta-feira, 19, que se arrependeu do tom das falas que proferiu contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e que culminaram na sua prisão na última terça-feira, 16. Segundo ele, ouvir as palavras que falou contra os ministros fez com que ele refletisse e visse o quanto elas foram duras. “Já me antecipei, disse que já me arrependi e me arrependi de fato. Não estou aqui sendo demagogo ou hipócrita, já solicitei aos nomes pares a desculpa a quem se sentiu ofendido e também solicitei desculpas a todo o povo brasileiro, que assim se sentiu também”, afirmou. O parlamentar suplicou para que a imunidade parlamentar não fosse relativizada na Câmara para que outros deputados não sejam prejudicados no futuro. “Hoje a instituição ‘deputado Daniel Silveira’ se encontra dentro de um presídio pelo maior poder que um deputado detém. A imunidade material pela fala não pode e não deve ser relativizada”, disse. Silveira ainda afirmou que “trocaria de nome” caso algum deputado da Casa não tenha errado e se arrependido anteriormente, além de afirmar que nunca defendeu o fechamento do Congresso ou do Supremo.

Além do deputado, o advogado dele, Maurizio Spinelli, também falou à Casa, e disse que o cliente já se arrependeu e que, se fosse hoje, ele escolheria outras palavras para falar sobre o assunto em público. A relatora do caso, deputada Magna Mofatto (PL-GO), se posicionou a favor da manutenção da prisão do deputado. “Considero o presente caso excepcionalíssimo e nesse contexto julgo atendidos os requisitos constitucionais para a decretação da medida cautelar”, afirmou. Ela sugeriu, ainda, que a Câmara se debruçasse sobre a definição precisa do conceito de crimes inafiançáveis para evitar que discussões do tipo ocorram novamente.

O comentarista Augusto Nunes, do programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan, afirmou que o pedido de desculpas do deputado foi positivo e deixou claro que ele não ameaça a democracia. “De repente os jornais, a imprensa velha, resolveram transformá-lo num grande perigo para o Brasil”, afirmou. Ele criticou a taxação de Daniel como deputado “bolsonarista”. “Não publicam o partido dele e eu nunca vi nenhum deputado ser classificado como ‘deputado lulista’, ou ‘deputado comunista’, como vários são e têm todo o direito de sê-lo. No Congresso que eu defendo, pode-se dizer o que quiser”, pontuou. Para o comentarista, aqueles que são perseguidos dentro da Casa são os que têm opinião divergente dos “democratas de manifesto” e o STF tenta dobrar o Congresso para que o mandato de Silveira seja cassado. “Acho um completo absurdo pensar na ressurreição do AI-5, mas defendo o direito de quem pretende fazer isso defender publicamente esta ideia. É assim que funcionam os parlamentos do mundo inteiro”, afirmou.

Para o jornalista, o posicionamento de boa parte dos deputados a favor da manutenção da prisão de Daniel Silveira mostra que todos podem ser futuros réus na mão do Supremo. “Estamos vendo em ação a grande aliança dos covardes, dos bandidos que o Supremo não julga, dos que se dobram a outros poderes porque têm prontuário, não uma folha corrida de serviços prestados ao Brasil. Os réus estão condenando alguém que nem foi transformado em réu”, afirmou. Ele lembrou dos termos “falta de direito à devida defesa” e “falta de processo legal”, que foram proferidos durante o julgamento do ex-presidente Lula e não são considerados no caso de Silveira. “Os colegas, ao referendar a prisão, serão os Daniel Silveira de amanhã, porque vão cair na mão de um Supremo que sabe que pode fazer o que quiser com o Congresso”, pontuou.

Confira o programa “Os Pingos nos Is” desta sexta-feira, 19, na íntegra:

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